(arquivo Fernando Correia de Oliveira)
Em 15 do mês passado [Outubro] se começou a notar pelas oito horas da noite um cometa pequeno, que pela tenuidade da sua luz pouco de distinguia das estrelas da segunda grandeza, mas pelo clarão dos seus próprioa vapores, ou matéria fluída que o circundava bastantemente se deixava reconhecer, e com mais especialidade pela cauda que lançava para a parte do Oriente, quasi do comprimento de três palmos, segundo o que a vista podia perceber, não [?] aguda na extremidade, antes quasi tão larga como a cabeça do mesmo cometa, porém a sua figura não era perfeitamente redonda. Observou-se que apareceu perto das primeiras estrelas da constelação de Capricórnio, correspondente ao oitavo grau de Aquário. Começava a ver tanto que anoitecia quasi no meridiano, do qual ia declinando para o Ocidente com as mais estrelas, segundo o movimento do primeiro mobil; porém pela observação de pessoas práticas, feita com instrumentos bem exactos, nunca no seu movimento particular mudava de Longitude; só se viu que de dia em dia declinava sensivelmente da sua altura meridiana, porque havendo-se visto a 19 sobre o círculo da Eclíptica, aos 25 se observou sobre o do Equador. Foi-se diminuindo a sua luz com a sua grandeza, e tão sensivelmente, que no dia 25 se distinguia pouco das Estrelas da quarta grandeza. A cauda se foi também atenuando, e dpeois de haver alguns dias tão delgada, que duvidosamente se discernia a sua luz, vendo-se só o corpo redondo semelhante a uma estrela pequena, e nebulosa perto da [???], veio a desaparecer de todo.
In Gazeta de Lisboa, de 4 de Novembro de 1723
Sobre este cometa, Edmond Halley apresentou comunicação à Real Sociedade, baseado nas observações de William Saunderson, em Bombaim (Mumbay).
E o astrónomo alemão Gustav Spörer escreveu em 1843 a obra De cometa qui anno 1723 apparuit
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