Um público interessado e culto
Estação Cronográfica esteve por estes dias em Munique, onde a Patek Philippe realiza, até amanhã, domingo, uma exposição num dos mais importantes museus da capital bávara, a Kunsthalle da Hypo-Kulturstiftung.
Patente desde 17 de Outubro, a exposição atraiu até ontem cerca de 14 mil visitantes, numa das mais impressionantes exposições de relojoaria que até hoje nos foi dado assistir.
No final do dia de hoje, sábado, houve filas para entrar e chegou-se aos 18 mil visitantes, segundo nos informou entretanto o jornalista e investigador alemão Gisbert L. Brunner, que tem colaborado com o evento, fazendo visitas guiadas. "Deve-se chegar ao último dia com mais de 20 mil visitantes", disse-nos este perito em relojoaria e história da relojoaria, que nos enviou as fotos em cima e em baixo.
A Patek Philippe pretende realizar exposições deste tipo uma vez por ano, itinerantes, tendo a primeira sido realizada em 2012 no Dubai.
A exposição está baseada em três pilares, reflectindo o espaço, o tempo e a filosofia da manufactura genebrina - o seu Salão, onde tudo começou, na Rue du Rohne; o Museu; a sua Arte relojoeiro, reflectida na capacidade micro-mecânica, por um lado; na sua capacidade nos Métiers d'Art aplicados à relojoaria, por outro.
À exposição de Munique a Patek Philippe levou 470 peças, das quais 400 relógios, espalhados por 1.200 m2 do museu, situado na zona histórica de Munique. Peças vindas do museu ou das actuais colecções, numa linha de tempo que abrange mais de 500 anos. Foi uma escolha pessoal de Thierry Stern, o Presidente da manufactura familiar.
"Viemos a Munique porque esta cidade aprecia particularmente os valores sobre os quais o êxito da Patek Philippe se tem baseado: tradição e inovação, bem como o apreço pelo alto artesanato e a paixão pela arte e pela cultura", diz este membro da família Stern, que há quatro gerações dirige a manufactura.
"Ao apresentar a exposição "KunstWerkUhr” em Munique, esperávamos atrair muitos apaixonados da relojoaria de todo o mundo. A capital bávara mereceu sem dúvida por estes dias um desvio, mesmo depois da famosa Oktoberfest de Setembro e Outubro", disse o Presidente da Patek Philippe.
A aposta foi claramente ganha - Estação Cronográfica nunca tinha visto um público tão atento e intererssado numa exposição deste tipo, que deverá ter ultrapassado os 15 mil visitantes quando, amanhã, encerrar.
Gente de todas as idades, muitos casais. E com cerca de 20 por cento dos visitantes com Patek Philippe no pulso, confidencia-nos um dos membros da organização da exposição, numa amostragem pouco científica mas que não deve andar longe da verdade, como tivemos pessoalmente ocasião de verificar.
Um quadro difícil de repetir fora de Munique, arriscaríamos nós. Mesmo em Londres, Paris ou Nova Iorque, para onde a exposição deverá seguir nos próximos anos, o público não deverá ser, em termos gerais, tão culto nem tão genuinamente interessado como o que vimos naquela que não é apenas a capital da Baivera mas que muitos consideram ser a capital cultural da Alemanha.
As boas-vindas à exposição KunstWerkUhr eram dadas no rés-do-chão por um jovem relojoeiro, na sua bancada, e que é o responsável pela conservação e restauro no museu da Patek Philippe, em Genebra. Muitos visitantes traziam relógios Patek Philippe para sua apreciação.
A exposição decorria no primeiro piso do museu. Aspecto da entrada (as fotos não assinadas são da autoria de Estação Cronográfica; as fotos assinadas PP são cedidas pela Patek Philippe)
Nas várias salas faz-se uma retrospectiva dos mais de 174 anos de história da empresa (o mundo relojoeiro aguarda com muita expectativa o que a Patek Philippe irá fazer em termos de relojoaria para marcar o seu 175º aniversário, em 2014...). Aspecto da primeira sala, onde se recria o ambiente do Salão que a marca tem em Genebra, na Rue du Rohne. Até o célebre candelabro que domina aquele espaço foi reproduzido em Munique.
A exposição abria nesta sala com a totalidade dos modelos em produção na manufactura, incluindo um conjunto impressionante de repetições minutos e de outras grandes complicações.
Um público intergeracional, conquistado por um património que vai para além da relojoaria.
Em cima e em baixo, fotos PP
Numa sala adjacente à que recriava o rés-do-chão do Salão da Rue du Rohne, a Patek Philippe destacava, isolado, um exemplar do Star Caliber 2000, o terceiro relógio mais complicado do mundo. O seu movimento inclui 1.100 componentes e foi fabricado e montado inteiramente pela manufactura. Neste caso, um modelo com caixa esqueletizada.
(foto PP)
A mítica Sala Napoleão, do Salão genebrino, foi trazida a Munique, com o mesmo tipo de decoração. Até a vista sobre o lago Léman, que se pode apreciar do último andar do prédio histório da Patek Philippe foi recriada para a exposição - um filme desde o nascer ao por-do-sol, com jacto de água em destaque. Muitos visitantes aproveitavam para se sentar em frente e, depois de alguns momentos de introspecção, sentirem-se levados até Genebra.
O pilar dedicado à mestria micro-mecânica foi recriado com várias relojoeiros, que nas suas bancadas iam trabalhando e respondendo às perguntas dos visitantes. Ecrãs alimentados por imagens aumentadas tornavam tudo mais claro.
Dezenas de calibres criados aos longo de quase 175 anos pela Patek Philippe podiam ser apreciados com lentes especiais. Microscópios electrónicos punham em destaque os orgãos reguladores.
Noutra sala, de novo os calibres, em quadros interactivos, tridimensionais, que podiam ser vistos e usados como um jogo.
(em cima, foto PP)
Numa sala especialmente adaptada, os visitanters podiam apreciar o som amplificado dos repetições minutos.
Além de relojoeiros, a Patek Philippe levou a Munique engastadores, gravadores, desenhadores e esmaltadores, numa demonstração da sua capacidade nos Métiers d'Art.
Uma peça histórica recentemente adquirida pelo Museu da Patek Philippe e que nunca tinha sidom mostrada até agora em público - um exemplar do Cronógrafo inventado por Nicolas Mathieu Rieussec.
Um público atento e culto, que se demorava concentradamente em cada vitrina.
Noutra sala, 4 penduletes, modelos únicos, feitos de propósito pela Patek Philippe para o mercado alemão, e com temática germânica.
Peças de alta joalharia, algumas delas também produzidas especialmente para esta exposição.
Uma vitrine histórica, com peças do Museu Patek Philippe, e onde se podia ver o segundo relógio mais antigo do mundo (alemão, tipo Ovo de Nuremberga, cerca de 1530 - 1540); ou um dos primeiros relógios com o ponteiro dos minutos, apenas tornado possível depois de Christiaan Huygens ter inventado, no final do século XVII, o sistema balanço-espiral (peça cerca de 1675 - 1680).
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