quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Relógio de bolso da Hermès - reportagem no Fora de Série Especial Relógios 2013
O Hermès In The Pocket, um relógio de bolso - reportagem no Fora de Série Especial Relógios 2013:
Comemorando um século de ligação à relojoaria
Hermès In The Pocket
Fernando Correia de Oliveira, em Biel
Há cem anos, a Hermès concebia o seu primeiro relógio de pulso, uma adaptação de um relógio de bolso ao punho de uma criança da família. Usando a técnica de marroquinaria tão tradicional na casa. Nasce agora, evocando-o, o In The Pocket.
Estivemos mais uma vez em Brugg, Biel, no cantão suíço de Aargau, sede de La Montre Hermès, para o lançamento do In The Pocket, objeto, fruto da fusão de saberes tão diferentes como são a marroquinaria e a relojoaria. Usado no bolso ou no pulso, este relógio faz a ligação entre o passado e o presente da Maison.
Uma foto das irmãs Hermès, tirada na casa de família, em 1912, mostra Jacqueline usando um relógio no pulso.
Para Jacqueline Hermès, quando criança, não seria prático usar um relógio pregado ao vestuário ou sequer metido num bolso. Especialmente para ela, o pai desenhou um engenhoso porte-oignon, que lhe permitia usá-lo no pulso. Para ver as horas, ela teria que destapar a caixa de cabedal que o envolvia.
Tendo começado como artesão de cabedais para arreios e selas, o patriarca Hermès sabia bem como modelar as peles. Assim, o relógio não apenas passaria ao pulso como estava protegido, numa mistura de elegância e funcionalidade, o lema da Hermès.
Todos os anos, a Hermés lança um concurso interno, desafiando os seus empregados a produzirem uma peça de sua autoria. Na última edição, muitos dos artesãos procuraram inspiração nessa foto. Ao verem-na, eles quiseram explorar a ideia do porte-oignon, reinterpretando-a. O trabalho vencedor foi uma de várias versões de porte-oignon.
O departamento de design viu o resultado vencedor e achou que havia ali uma ideia a explorar. Estava-se perante um relógio, mas também de uma peça envolta em couro, matéria-prima que está no coração da casa. Nascia assim o In The Pocket, um produto que está no ADN Hermès, tanto do ponto de vista relojoeiro como de marroquinaria.
No caso do In the Pocket, a técnica do calibre e a frieza do paládio encontram protecção no estojo de couro barénia pacientemente trabalhado. Pelas mãos dos artesão da Hermès, renasce o porte-oignon.
In The Pocket é um relógio de bolso que se transforma num relógio de pulso e vice-versa, sempre que o seu possuidor quiser. Instalado num bracelete de cabedal, é também a prova perene da arte da Hermés no tratamento de peles.
A patine do tempo encarregar-se-á de tornar cada vez mais pessoal e belo este “porta-cebola”, usado no final do séclo XIX, início do século XX, quando os relógios de bolso começaram a ser adaptados a relógios de pulso através de pulseiras.
O In The Pocket honra a tradição da casa – a pulseira tem três camadas – uma de couro Barenia de cor ébano; outra de uma pela de vaca, conhecida pela sua resistência; e uma terceira, em pele de vitelo Zermatt, como forro. Tudo isto, cosido à mão, segundo os métodos ancestrais da Hermès, usados em selas e arreios. Cada uma é composta por duas partes – o boucleteau (a mais longa, presa ao relógio às seis horas, e onde estão os buracos para a fivela; e o sanglon (a parte mais curta, presa ao relógio às 12 horas, e onde encaixa a coroa. Todo um processo que demora 10 dias a completar para cada bracelete porta-cebola. O conjunto trás ainda um fio em cabedal barénia ébano, que pode encaixar-se numa argola que sai de um encaixe no verso da caixa, podendo assim ser usado como colar.
Quanto ao relógio, tem de uma caixa de 40 mm, de paládio. No interior, está um calibre automático, fabricado pela Hermès na Vaucher Manufacture, onde desde 2006 tem 25 por cento do capital. Este calibre H1837, batizado em honra do ano da fundação da Hermès, é automático, batendo a 28.800 alternâncias por hora (4 Hz). Tem 50 horas de autonomia, platina decorada em grânulos circulares e massa oscilante gravada com “tapete de H”, a assinatura da casa. Estanque até 30 metros e limitado numa primeira edição a 24 exemplares, o In The Pocket é de venda exclusiva nas boutiques Hermès.
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