Os 160 anos da Tissot - reportagem no Fora de Série Especial Relógios 2013:
Nos 160 anos da Tissot
Revolução no luxo acessível
Fernando Correia de Oliveira, em Le Locle
Uma empresa que produz 4 milhões de relógios por ano e dá assistência com mais uns tantos milhões de peças a 14 mil pontos de venda em 160 países precisava de algo assim. Todo o visitante da Tissot, em Le Locle, admira O Cubo como os astronautas admiram o enigmático monólito extra-terrestre no filme 2001 Odisseia no Espaço.
E a “música” que O Cubo produz é celestial. Toda a logística mundial da Tissot é comandada, desde Agosto de 2010, a partir de um armazém em forma de cubo, fazendo também lembrar o quebra-cabeças de Rubik. São 7.500 metros cúbicos, com capacidade para gerir, por ano, entre 5 a 6 milhões de relógios. Num sistema inédito na indústria, são cinco robots que se encarregam de gerir o armazenamento e entrega de até 12 milhões de artigos – entre relógios e peças. Os cinco robots movem-se até 5 metros por segundo, procurando o que querem nos 32 mil gavetões existentes. Que podem percorrer 540 metros de tapetes rolantes para dentro e para fora do espaço fechado do Cubo.
Qualquer ordem que chegue ao Departamento de Vendas da Tissot é transmitida ao sistema. A caixa com o material requerido será cheia pelos robots em poucos segundos e entregue ao serviço de Expedição. Em caso de incêndio, os detectores lançam um gás inerte para o espaço do Cubo, que entretanto se fechou automaticamente. Nenhum ser humano pode, em circunstâncias normais, entrar na zona do Cubo. Detectores acusam instantaneamente qualquer violação desse espaço.
Em tempo de aniversário – a Tissot foi fundada há 160 anos, em Le Locle, Suíça – visitámos uma das marcas mais globais, hoje pertencente ao Swatch Group. François Thiébaud, que a dirige desde 1996, não esconde o objectivo para 2013 – ultrapassar os 4 milhões de relógios.
Para assinalar os 160 anos, a Tissot editou algumas peças especiais. Um relógio de bolso, por exemplo, inspirado num modelo de 1878. Ou um horas do mundo, o Heritage Navigator, inspirado num modelo de 1953.
Mas o desenvolvimento mais interessante terá sido o lançamento do calibre Powermatic 80, que equipa este ano um modelo masculino – o Luxury Automatic Chronometer; e um feminino – o Luxury Automatic Chronometer Lady Diamonds.
Este novo calibre, com autonomia para 80 horas, em vez das habituais 40 para movimentos automáticos, desenvolvido em parceria com a ETA, outra empresa do Swatch Group, consegue preços muito baixos, devido à base industrial do grupo e às economias de escala. Tem inovações técnicas importantes, como seja o dispensar acertos por parte de um relojoeiro, sem que com isso sacrifique o isocronismo.
O Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres (COSC), uma entidade independente, certifica os relógios que aspiram à qualidade de “cronómetro”. Para isso, têm que submeter os seus calibres a testes e, entre outras coisas, não podem ter variações diárias superiores a -4/+6 segundos para o caso de movimentos mecânicos. Em 2012, o COSC certificou 1,7 milhões de calibres, de um total de 30 milhões produzidos na Suíça. Com o Powermatic 80, a Tissot poderá aspirar à liderança da certificação, que tem sido desde há muito comandada pela Rolex, seguida da Omega e da Breitling. Uma autêntica revolução, caso isso venha a verificar-se.
A história da Tisot está recheada de marcos históricos – um relógio antimagnético em 1930. O primeiro relógio de plástico em 1971, o Astrolon, muito antes do Swatch. Mas, já antes, a marca tinha inovado na utilização de materiais – com o RockWatch, em 1985, feito de granito dos Alpes; com o WoodWatch, em 1988, feito de madeira. Mas também inovação técnica – o T-Touch aparece em 1999, o primeiro relógio a usar tecnologia táctil no ecrã.
A marca tem uma forte ligação ao desporto – é cronometrista oficial do MOtoGP, do FIM Superbike, das provas FIBA, AFL e RBS 6 Nações em Râguebi, dos Campeonatos do Mundo de Ciclismo, Esgrima ou Hóquei no Gelo.
Os Tissot T-Complication Squelette ou Couturier Pequenos Segundos são outras das novidades deste ano especial. Com preços que continuam a fazer jus ao lema “luxo acessível” que a marca usa desde muito antes do termo ter sido banalizado.
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