Nocturno
Pedi à noite não a sombra e a Lua
Nem as palavras trémulas do vento.
Como quem pede o próprio pensamento
Pedi-lhe carne, carne ardente e nua.
O que pedi não foi a expressão langue
De sofredoras almas silenciosas.
Ah! Não! O que pedi, pedia rosas…
Ah! Não! O que pedi, pedia sangue.
Pedi-lhe a madressilva junto à fonte,
E, mais adiante, o aroma dos pinheiros.
Pedi-lhe, firmes, pálidos, inteiros
Dois ombros de marfim, por horizonte.
Pedi-lhe amor… Pedi-lhe, de mãos postas,
Que tudo me trouxesse. Tudo ou nada.
Pedi-lhe a minha mão, ressuscitada,
No vinco, longo e azul, das tuas costas!
Pedro Homem de Mello
quarta-feira, 27 de junho de 2012
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