quarta-feira, 27 de junho de 2012

Meditações - pedi à noite...

Nocturno

Pedi à noite não a sombra e a Lua
Nem as palavras trémulas do vento.

Como quem pede o próprio pensamento
Pedi-lhe carne, carne ardente e nua.

O que pedi não foi a expressão langue
De sofredoras almas silenciosas.

Ah! Não! O que pedi, pedia rosas…
Ah! Não! O que pedi, pedia sangue.

Pedi-lhe a madressilva junto à fonte,
E, mais adiante, o aroma dos pinheiros.

Pedi-lhe, firmes, pálidos, inteiros
Dois ombros de marfim, por horizonte.

Pedi-lhe amor… Pedi-lhe, de mãos postas,
Que tudo me trouxesse. Tudo ou nada.

Pedi-lhe a minha mão, ressuscitada,
No vinco, longo e azul, das tuas costas!

Pedro Homem de Mello

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