A propósito da saída recente de dois livros - La conquête du temps, de Dominique Fléchon; e La montre à remontage automatique, de Jean-Claude Sabrier, a Association française des amateurs d'horlogerie ancienne (AFAHA), acaba de nos enviar uma carta aberta, em francês e inglês, protestando pelo facto de estas obras não se terem referido a documentos recentemente aparecidos e que colocam em causa a invenção do rotor e do consequente relógio automático por parte do suíço Abraham-Louis Perrelet.
Hubert Sarton
Tudo começou quando o historiador amador Joseph Flores descobriu documentação referente ao relojoeiro belga Hubert Sarton.
Estação Cronográfica tem acompanhado, depois de chamada a sua atenção pelo jornalista francês Gregory Pons, o trabalho de Flores e a polémica Perrelet / Sarton.
Deixamos aqui a carta aberta da AFAHA, nas suas versões inglesa e francesa, um artigo nosso, saído num site brasileiro especializado, bem como artigos de Pons e de outros dois especialistas. Todos eles parecem inclinar-se para a primazia de Sarton na aplicação do princípio do rotor em relógio automático (na altura, de bolso). O leitor que julgue o dossier.
As cartas da AFAHA
La parution de deux ouvrages soulève, à nouveau et avec acuité, la question de l’origine historique de la montre automatique avec le dispositif à rotor.
Il s’agit de « La conquête du temps » de M. Fléchon édition Flammarion 2010 et de « La montre à remontage automatique » de M. Sabrier, éditions Cercle d’Art 2011.
Les auteurs ne prennent pas en compte, volontairement ou non, les documents et croquis nouveaux qui ont modifié les allégations d’Alfred Chapuis et d’Eugène Jacquet parues dans leur ouvrage en 1952.
Ils ont fait ainsi, totalement abstraction des nombreux articles de la revue « Horlogerie Ancienne » et autres ouvrages traitant du sujet, qui exposent depuis près de vingt ans des positions particulièrement argumentées sur ce point précis de l’origine historique des dispositifs d’armage automatique des montres.
Les tentatives de contact avec ces auteurs pour ouvrir un débat contradictoire et constructif, se sont heurtées à un refus ou une fin de non recevoir.
L’AFAHA, soucieuse de respecter ses buts fondamentaux, à savoir : « rassembler les amateurs et collectionneurs d’horlogerie ancienne et moderne, favoriser les contacts entre ses membres, élargir leurs connaissances scientifiques, historiques et artistiques en matière d’instruments destinés à la mesure du temps, et assurer la protection de l’art et la science de l’horlogerie » espère que la diffusion de cette mise en garde mettra en alerte les historiens, les musées, les universités, la presse spécialisée, les écoles d’horlogerie, les associations concernées françaises et étrangères, etc., ainsi que les futurs chercheurs, sur cette belle et importante page de l’histoire des techniques horlogères.
WARNING ABOUT THE HISTORICAL ORIGIN OF THE AUTOMATIC WATCH WITH ROTOR
Once again, the publication of two books raises the acute question of the origin of the automatic watch with rotor system.
The books in question are : “La conquête du temps” (the Mastery of time) by Dominique Fléchon, éditions Flammarion 2010, and « La montre à remontage automatique » by Jean-Claude Sabrier, éditions Cercle d’Arts 2011.
Deliberately or not, the authors ignored the documents and new sketches which have modified the assertions made by Alfred Chapuis and Eugène Jacquet, in their book published in 1952.
Thus, they utterly disregarded the many articles published in the journal “Horlogerie ancienne” and in other works dealing with this subject, which have set out, for nearly 20 years, particularly well-argued positions on this precise point regarding the historical origin of the systems of automatic-winding on watches.
The attempts to get in touch with these authors and open a constructive debate came up against a refusal or a dismissal.
The AFAHA, concerned about the respect of their basic aims, i.e. : “to gather lovers and collectors of antique and modern horology, further contacts between members, expand their scientific, historical and artistic knowledge in the field of time-measuring instruments and ensure the protection of the art and science of horology”, do hope that the distribution of this warning will put on the alert historians, museums, universities, the specialized press, schools of horology, the French and foreign associations concerned… as well as future researchers, about this beautiful and important page in the history of horological techniques.
Estação Cronográfica assistiu, em Janeiro de 2010, à apresentação em Genebra da documentação encontrada por Joseph Flores e que parece indicar que foi o belga Hubert Sarton quem primeiro descobriu o princípio do rotor e fez o primeiro relógio automático
Quem foi o inventor do relógio automático?
Fernando Correia de Oliveira*
Há muitas décadas que se atribui a Abraham-Louis Perrelet, relojoeiro suíço, a invenção da massa oscilante como processo de dar corda a um relógio. Mas assistimos recentemente a uma conferência, em Genebra, onde o investigador francês Joseph Flores apresentou documentação inédita, reforçando a sua tese de que foi o belga Hubert Sarton o inventor do relógio automático.
Foi em 1993 que Joseph Flores publicou uma análise de um relatório antigo, de 23 de Dezembro de 1778, emitido pela Academia Francesa das Ciências de Paris, descrevendo, segundo as palavras dos seus autores, J. B. Leroy e De Fouchy, um relógio de bolso depositado pelo relojoeiro Dieudonnè-Hubert Sarton (1748/1828), do Principado de Liége (hoje Bélgica): “montre qui se remonte par l’effet d’une masse de cuivre agitée par le mouvement qu’on se donne en marchant” (relógio a que se dá corda pelo efeito de uma massa em couro, agitada pelo movimento que se faz quando se anda a pé). Ora, isso parece-se bem a um relógio que hoje diríamos "automático”.
Mas esta análise, não acompanhada de croquis, não convenceu completamente os historiadores, especialmente os que não têm formação relojoeira. Com efeito, admite Flores, “o relatório é principalmente uma descrição técnica da construção do relógio depositado por Sarton, e para um não técnico, descrever textualmente a disposição de um mecanismo de trem de rodas, é sem dúvida uma coisa um tanto ou quanto confuso… esse não técnico ficará evidentemente mais convencido por um desenho, um croquis, dando razão à frase de que vale mais uma imagem do que mil palavras…”
Tal como já ocorreu várias vezes no decurso dos últimos anos, e sempre em momentos-chave, recorda Flores, “foi uma circunstância fortuita que fez aparecer um documento a acrescentar ao dossier da invenção do dispositivo com rotor em relógios automáticos”.
Em Setembro de 2009, Flores tinha acabado de fazer sair “Perpétuelles à roue de rencontre”, quando apareceu um documento inesperado, mas particularmente convincente, e sob a forma de um croquis, que estava nos arquivos da Academia das Ciências de Paris (Instituto de França).
Para situar um pouco melhor a questão sobre quem inventou o sistema de rotor terá que se dizer que desde há 15 anos são citados dois autores para este dispositivo de relógio automático. “Em História, este tipo de situação não é único, mas para manter duas versões é preciso apresentar documentos das respectivas épocas para justificar cada uma dessas atribuições”, faz notar Flores. “Pela minha parte, e de momento, não penso que seja esse o caso no que respeita à atribuição feita a Perrelet”.
No que respeita a Sarton, e segundo Flores, tudo o que já tinha sido dito, na base do relatório, “era já suficientemente revelador para ser tomado em conta pelos historiadores/técnicos da Relojoaria”.
Mas, mesmo assim, parece que a confirmação que faltava para convencer todos só chega agora, com um documento saído, tal como o relatório, de um organismo oficial.
Flores conta como, a 17 de Agosto de 2009, um amigo, André Thiry, de Liège, no quadro de investigações que estava a fazer, dirige uma carta à Academia das Ciências de Paris, para tentar encontrar elementos respeitantes à aprendizagem de Sarton.
Na volta do correio, Thiry recebe a resposta, datada de 2 de Setembro de 2009, e onde a Academia menciona um desenho, desconhecido de toda a gente. Thiry pede ajuda a Flores para o ajudar a identificar esse desenho no contexto da obra conhecida de Sarton.
Sabendo-se que Sarton tinha depositado na mesma altura o seu relógio “automático” e um relógio de pêndulo, a questão era: seria o desenho referente ao relógio de bolso ou ao de pêndulo?
“Lancei-me para o telefone, e quase instantaneamente tive do outro lado a documentalista que, com grande amabilidade, me colocou em contacto com os serviços fotográficos, que por sua vez me enviaram uma cópia em baixa resolução do croquis…”, recorda Flores com emoção.
Para alegria do investigador, tratava-se de um croquis de um relógio de bolso.
O que representa o desenho?
Numa folha de aproximadamente 30 x 30 cm, encontra-se, de forma muito clara, desenhado um croquis de um calibre de bolso, comportando uma massa, apelidada no desenho como “contra-peso”, com pivot ao centro, ou seja, em termos actuais, uma massa pendular ou oscilante, dita também “rotor”. O autor deste croquis, “sem dúvida alguma, o próprio Sarton”, assegura Flores, passou o lápis por toda essa massa, para a fazer sobressair.
Em seguida, um certo número de círculos são representados, e que representam o trem de rodas do sistema automático. Eles são, aliás, acompanhados de textos explicativos, como o número de dentes de certas rodas, “e que não podem deixar qualquer dúvida sobre aquilo que representam”, acrescenta o investigador. “Além disso, a montagem comparativa do croquis depurada e colorida, com um dos movimentos conhecidos de Sarton, demonstra-o ainda mais claramente”. No desenho, estão indicados:
1- Pinhão fixado sobre a roda, engrenado na roda do fuso (sistema de regulação da força motriz)
2- Roda de 50 dentes, engrenando em duas rodas de 10, cada uma com um sistema autónomo de destrancagem.
3- Esta roda está assente sobre uma almofada, na platina, com o sistema de destrancagem do sentido contrário ao do centro.
4- Este círculo é fixado com o contra-peso
5- Círculo para fazer parar a cadeia
6- Roda fixada ao centro
Num dos lados do documento encontram-se unicamente os textos seguintes: “Montre de m. Sarton de Liege”, e depois, em baixo, a lápis: “Montre qui se remonte d’elle même” Sarton M – 16 déc 1778 – R – 23 déc 1778. No outro lado, onde o croquis ocupa grande parte da página, encontra-se a mesma inscrição: “Montre de M. Sarton 23 Xbre 1778”, e mais em baixo, à direita, o carimbo da Academia, e em baixo, à esquerda, um pequeno círculo, “que em minha opinião, representa a grandeza real do movimento depositado, ou seja um pouco menos que 39 mm”, diz Flores. “A partir de agora, a História tem todos os elementos para ser restabelecida nos seus devidos termos”, conclui.
Gregory Pons
Os argumento dos dois lados
O jornalista francês Gregory Pons, que organizou a conferência de Joseph Flores, ele próprio está completamente convencido dos argumentos apresentados.
Pons faz notar que grandes invenções da história da relojoaria estão claramente patenteadas, sabendo-se o seu autor e a data em que foram registadas. O turbilhão, por exemplo, concebido por Abraham-Louis Breguet, tem o seu registo em 1801. O escape livre, de Pierre Leroy, data de 1748. “Os elementos sobre a espiral de Huygens são conhecidos. Os da âncora de Mudge também”, faz notar o jornalista.
Mas quem pode fornecer pormenores sobre a tese que atribui o calibre automático com rotor a Perrelet?
Abraham-Louis Perrelet (1729-1826) foi o maior relojoeiro do seu tempo na região de Le Locle, Suíça, o introdutor da relojoaria de precisão na zona das montanhas de Neuchâtel. Não assinava os seus calibres, aliás como era habitual na época, mas fornecia as grandes fábricas, como Philippe du Bois, ou mesmo a casa de Abraham-Louis Breguet, seu contemporâneo, este considerado como o maior relojoeiro de todos os tempos.
Teria sido por volta de 1770-1776 que ele inventou o chamado “relógio perpétuo” ou “automático”. Sabemos isso apenas por fontes indirectas. Um relatório apresentado em 1776 por H. B. de Saussure à Sociedade das Artes de Genebra diz que “o mestre Perrelet, relojoeiro, fez um relógio de tal maneira que ele dá corda a si próprio, no bolso de quem o use, à medida que se ande; 15 minutos a andar são suficientes para que o relógio trabalhe oito dias. Devido a um sistema de travão, o continuar a andar não prejudica o relógio”.
No ano seguinte, há novo relatório, onde se dia que “este tipo de relógio vende-se ao dobro do preço de um relógio de qualidade, mas normal, e o sr. Perrelet já tem encomendas para muitos”. A Sociedade comprou um dos relógios para examinar o mecanismo.
“Mas quem é que pode atribuir documentos fiáveis sobre a autoria do calibre automático com rotor a Perrelet?”, insiste Pons.
A marca Perrelet existe ainda hoje, mas não tem directamente nada a ver com Abraham-Louis Perrelet, embora do ponto de vista do marketing sublinhe a “paternidade” do calibre automático nos relógios de pulso que comercializa. A história do relógio de bolso automático tem sido muito investigada, mas pode dizer-se que se fixou o canon quando Alfred Chapuis e Eugène Jaquet publicaram, em 1952, a obra de referência, La Monte Automatique Ancienne de 1770 à 1931. É nela que se atribui modernamente a Abraham-Louis Perrelet a autoria do relógio de bolso com rotor.
Mas, faz ainda notar Pons, no número 113, de Maio de 1949, a Revue Française des Bijoutiers trás um artigo de Léon Leroy, onde este escreve a propósito deste tipo de relógios: “É preciso saudar o mecânico anónimo e de grande talento que concebeu e realizou este sistema simples e eficaz”.
Pierre Huguenin, outro especialista de relojoaria, corrobora esta alegação alguns meses mais tarde, dizendo “esperar que um investigador feliz possa desvendar o que ainda resta de misterioso na origem deste interessante relógio”. Do ponto de vista de datas, a questão continua controversa, já que as primeiras referências ao relógio automático de Perrelet datam de 1776, enquanto o primeiro documento sobre o relógio de Sarton é apenas de 1778.
Assim, aparentemente, “ganharia” Perrelet. Mas a questão complica-se com o facto de os quatro movimentos automáticos encontrados até hoje, e atribuídos até agora a Perrelet, serem do ponto de vista de conceito mecânico em tudo idênticos ao croquis agora descoberto e que representa os calibres de Sarton.
Pons está convencido da tese de Flores e acha que os quatro calibres são da autoria, ou pelo menos feitos com base no conceito, do belga Sarton.
Flores, relojoeiro de formação, um investigador amador, membros da Association Française des Amateurs d’Horlogerie Ancienne (AFAHA), tem desafiado historiadores da Relojoaria e da História das Ciências a debaterem com ele a tese Sarton. Mas até agora nenhum aceitou.
Flores e um grupo de amigos estão a preparar uma biografia de Sarton. Por outro lado, especialistas em relojoaria antiga, adeptos da tese Perrelet, estão a preparar também obras para saírem ainda este ano, reafirmando a tese de que o relojoeiro suíço foi o inventor do relógio de bolso automático. A polémica deverá, pois, continuar.
*Jornalista e investigador da área do Tempo, da Relojoaria e da evolução das Mentalidades a eles ligada
O artigo de Grégory Pons, com uma entrevista a Joseph Flores
Article paru sur le site paru sur le site Business Montres, (site payant) sous la plume de Grégory Pons http://www.businessmontres.com/actualites/polemique-qui-veut-la-peau-de-jean-claude-sabrier
On commence à parler de cette "affaire Sabrier" qui agite le microcosme horloger. Très respecté pour ses travaux historiques sur l'horlogerie au XVIIIe siècle et jusqu'ici réputé pour son expertise (enchères, Swatch Group), Jean-Claude Sabrier aurait-il été un peu expéditif dans son étude sur les pionniers de la montre automatique ?
••• S'il y a un sujet polémique qui hante l'histoire de l'horlogerie ancienne depuis un grosse décennie, c'est bien l'affaire Sarton-Perrelet. Quand ils ont lancé la marque Perrelet au milieu des années 1990, les créateurs avaient consulté les livres qui faisaient autorité et qui assuraient à Abraham Louis Perrelet une place de choix dans l'histoire horlogère, comme "inventeur du mouvement automatique". Une aubaine marketing, qui n'était sans doute pas très solide sur le plan historique. Horloger et historien sur le tard, Joseph Flores a entrepris un retour aux sources documentaires pour établir que cette "invention" n'avait rien de probant, que le personnage d'Abraham Louis Perrelet lui-même était pour le moins flou dans les annales neuchâteloises et que cette "invention" pouvait être attribuée – sur la base de documents authentiques – à l'horloger liégeois Hubert Sarton...
••• Hubert Sarton n'étant pas Suisse, on imagine le tollé patriotique : comment un Belge pourrait-il avoir inventé cette montre automatique qui assure la suprématie mondiale de l'horlogerie mécanique suisse Perrelet étant une marque, on imagine le trouble commercial : "Inventeur du mouvement automatique", ça pose la légitimité d'une maison ! Joseph Flores n'étant pas un historien "académique", on imagine le mépris de l'établissement officiel, universitaire ou spécialisé. Après quinze années de batailles médiatico-historiques [pratiquement seul parmi tous les médias horlogers, Business Montres n'a pas ménagé son soutien à ceux qui faisaient avancer l'histoire horlogère], tout le monde a fini par admettre que Joseph Flores – qui a le mérite d'être horloger, et donc de comprendre techniquement les montres jusqu'ici attribuées à Perrelet – avait sans doute raison. Les documents publiés (notamment la communication à l'Académie des sciences de Paris) et les faits (les montres qui correspondent à ce document) établissent effectivement Hubert Sarton comme "auteur" du premier schéma technique connu concernant un mouvement automatique à rotor. Une invention qui assurera, 150 ans plus tard, le succès de Rolex...
••• Jean-Claude Sabrier jouait donc avec les allumettes au-dessus d'un tonnelet de poudre quand il a publié, voici quelques mois, son histoire de La montre à remontage automatique. D'autant qu'il n'avait jamais caché son hostilité personnelle aux thèses de Joseph Flores [avec lequel il refuse toute communication] et son dédain des documents publiés par celui-ci. Pour Jean-Claude Sabrier, Hubert Sarton n'était qu'un simple "horloger de cour", qui signait les mouvements réalisés par d'autres et qui aurait copié pour les présenter à l'Académie des sciences une idée et des concepts techniques nés dans les vallées neuchâteloises. Pourquoi pas ? Encore faudrait-il l'étayer par des documents...
••• L'explosion était inévitable à partir du moment où Jean-Claude Sabrier négligeait froidement, dans ses références, l'existence des travaux précédents de Joseph Flores [dont l'autorité internationale est attestée pour les calibres de l'époque], ainsi que le schéma technique présenté à l'Académie des sciences de Paris – plus ancienne et solide référence connue. On sait que la communauté des historiens adorent les sources documentaires authentiques, surtout nouvelles : les ignorer, c'était prêter le flanc à la critique...
••• Relayée par la revue française Horlogerie ancienne (nombreux articles à ce sujet), avec laquelle Jean-Claude Sabrier refuse de dialoguer en évoquant par avance des suites judiciaires pour cette "diffamation" [ce qui n'est jamais bon signe], la polémique a rebondi dans un certain nombre de revues historiques anglo-saxonnes (Business Montres du 19 septembre), sous la signature d'historiens pourtant amis de Jean-Claude Sabrier, mais un peu lassés par certaines fantaisies historiques. La querelle ne peut sans doute plus être étouffée.
D'où nos questions à Joseph Flores, qui a passé au scanner le livre de Jean-Claude Sabrier...
••• Vous semblez vous acharner contre JCS : avez-vous quelque chose de personnel contre lui ou est-ce uniquement parce qu'il n'a pas suffisamment parlé de Sarton dans son livre sur La montre automatique ?
••• Joseph Flores : Pour moi, ce que vous nommez acharnement – que je nomme persévérance – n’a d’égal que celui des opposants aux nouvelles découvertes à l’Académie royale des Sciences de Paris, sur le travail d’Hubert Sarton dans le domaine de la montre automatique à rotor. Ce dernier livre vient simplement après celui de M. Fléchon, et après de très nombreux autres articles qui, à mon sens, faussent l’Histoire, puisque aucun document d’époque n’est jamais publié… si je m’acharne, c’est absolument sans aucune animosité
••• Que lui reprochez-vous exactement ?
••• Joseph Flores : Le nombre de faits indiqués et non soutenus par des documents d’époque, est particulièrement important (voir nos articles dans Horlogerie ancienne, notamment « Réactions automatiques »). Ma passion pour l’horlogerie me fait craindre que cet ouvrage de Jean-Claude Sabrier, signé par un des plus grands experts actuels, devienne une référence, et surtout dans les écoles, ce qui serait pour moi fortement préjudiciable à l’histoire horlogère en général, et celle des montres automatiques en particulier.
O esquema da patente de Sarton
••• Vous évoquez souvent le document de la page 205 : de quoi s'agit-il pour des non-initiés ?
••• Joseph Flores : Je vais essayer d'être précis. Déjà, pour commencer, les "non-initiés" peuvent lire un article qui fait sur le point sur les "pionniers" de la montre automatique (sur la base des pièces historiques dont nous disposons). Le document dont fait état Jean-Claude Sabrier à la page 205 de son livre n’est justement pas confirmé par une indication d’origine : or, il peut changer l’histoire telle qu’elle semble être définie pour l’instant. En effet, il y est question d’une montre de 1775, sur laquelle il est dit ceci : "Elles doivent être portées au moins une heure sur trois jours pour se remonter d’elles-mêmes grâce aux mouvements naturels du corps. Leur possesseur bénéficie en outre de deux avantages supplémentaires : le premier consiste en ce que leur marche n’étant pas interrompue pendant le remontage elles sont bien plus régulières"… Cette double indication, si le document primaire le confirme, ferait mentir Sarton qui, en 1778, déclarait aux rapporteurs de l'Académie des sciences que ce genre de montre n’existait pas avant la sienne… nous aurions alors l’indication, soit du mensonge de Sarton, soit de son ignorance, comme de celle des rapporteurs sur cette question technique capitale… néanmoins cela ne changerait rien au fait que Sarton a déposé à l’Académie une montre automatique à rotor et qu’elle était identique à celles répertoriées, dispositif qui fut attribué comme on le sait par Chapuis et Jaquet, et comme M. Sabrier le dit encore dans son ouvrage, sans argumenter plus, à Abraham Louis Perrelet. C’est donc ce dispositif qui fut le dilemme des premiers chercheurs dans cette partie de la montre, mais qui de nos jours assure à l’horlogerie mécanique une pérennité qu’elle n’aurait peut-être pas eu sans ça.
Voici comment, pour ma part, je vois le travail de l'historien : l’histoire ne peut, et évidemment ne doit pas être dissimulée ou tronquée, même si des nouveaux éléments donnent tort à ce que l’on pensait et disait. Seuls les documents d’époque, source primaire diffusée, analysés en toute honnêteté, débattus au besoin, peuvent construire la véritable histoire, nul ne peut s’y dérober...
••• Vos soupçons sont graves pour l'honorabilité d'un historien : que répond Jean-Claude Sabrier à vos interrogations et pourquoi ne communique-t-il pas ce fameux document de la page 205 ?
••• Joseph Flores : Je ne vois pas dans mes textes où j’ai bien pu soulever des soupçons sur l’honorabilité de qui que ce soit… J’ai simplement dit, et je réitère, mon souhait de voir le document d’origine publié, que Hubert Sarton ait menti ou pas. Par ailleurs, et vous-même en en avez été témoin, Jean-Claude Sabrier a toujours refusé de débattre avec moi...
••• Pourquoi ne commentez-vous pas les autres chapitres de son livre sur la montre automatique ?
••• Joseph Flores : dans l’article indiqué ci-dessus (deuxième question), tous les chapitres traitant particulièrement de origine des montres automatiques sont traités. Je ne me sens pas concerné par la fabrication des montres automatiques qui a suivi les origines. Généralement, je m’intéresse à ce qui c’est passé jusqu’en 1780...
••• Comment expliquez-vous la levée de boucliers des historiens anglo-saxons à son sujet ?
••• Joseph Flores : je pense que la raison principale qui les a guidés se trouve indiquée dans leur article. Justement, ce sont eux qui répondent pour moi à votre première question : ils estiment que l’auteur n’a pas suffisamment parler d'Hubert Sarton ? Ou, du moins, pourquoi a-t-il éliminé de son propos les principaux éléments du travail d'Hubert Sarton (le rapport à l'Académie des sciences et le croquis). Par ailleurs, d’après l’extrait ci-après, il semble bien que l’auteur du texte anglais (voir l'article de Business Montres cité ci-dessus) a déjà eu des désaccords avec Jean-Claude Sabrier. Ce livre a été aussi, pour lui, la goutte d’eau qui fait déborder le vase : "It was with some trepidation that I agreed to review this book, not only because I have known the author for many years, but also because I have been in public variance with some of his horological statements for much of this time"...
Abraham-Louis Perrelet
O artigo de David Penney
Ce texte est paru dans la revue « Antiquarian Horology » des nos amis anglais, et il est suivi par une reprise traduite de l’article paru dans notre revue n° 71, intitulé « Réactions automatiques »
Jean-Claude Sabrier, La montre à remontage automatique du 18e au 21e siècles, 307 pages, 252 illustrations, la plupart en couleurs. Edition anglaise traduite par Shan Kerman. Editions Cercle d’Art, Paris, 2011. ISBN 978 2 7022 0982 0. Prix 50 £. Edition originale française également disponible sous le titre « La Montre à remontage automatique, XVIIIe-XXIe siècles. ISBN 978 2 7022 0932 0.
C’est avec un peu d’inquiétude que j’ai accepté de lire ce livre, pas seulement parce que je connais l’auteur depuis de nombreuses années, mais aussi parce que la plupart du temps j’étais en désaccord notoire ( ?) avec quelques-unes de ses affirmations concernant l’horlogerie. A ce dernier égard, ce livre rentre tout à fait dans ce cadre. Ceci dit, je peux tout juste recommander ce livre à tous ceux que ce sujet intéresse, mais pas sans les réserves ( ?) suivantes.
D’abord le sommaire qui semble être visible tout au long du livre, je veux dire le manque d’attention accordé à la contribution d’Hubert Sarton sur ce sujet, comme Joseph Flores l’a découvert et longuement décrit dans son livre « Perpétuelles à roue de rencontre ou Montres automatiques, une page d’histoire : analyse d’un document de l’Académie Française de 1778 et de ses conséquences historiques » publié à Besançon en 2002 et publié à nouveau en 2009 par l’AFAHA avec de nouvelles photos et un dessin de Sarton inédit.
Je me demande pourquoi l’auteur a ignoré les écrits de Flores d’une façon aussi flagrante, la seule raison que je peux trouver est qu’il s’agit d’une rebuffade intentionnelle vis-à-vis d’un ami horloger. Si tel est le cas, cela ne jette pas une bonne lumière sur l’auteur et, si ce n’est qu’un oubli, cela jette également une pauvre lumière sur les capacités de l’auteur à avoir écrit sur le sujet. Je ne dis pas que Sabrier n’a pas mentionné Sarton, il le fait, mais vu le sujet de ce livre, de telles indications sont totalement insuffisantes et je suis en désaccord avec les mots de Jean-Claude Biver, auteur de la préface du livre, dans le sens où je ne peux qu’espérer que ce livre n’est pas « destiné à devenir un outil essentiel et indispensable pour tous les étudiants, historiens et marchands ».
Plutôt que de faire la liste des nombreuses omissions (second hand ?) concernant Sarton, je recommande vivement à tous les acheteurs potentiels de ce livre, de lire les deux livres de Flores sur Sarton et le récent commentaire de ce livre par Sabrier. Si vous pouvez voir le français particulièrement fleuri (documenté ?) de Flores, vous verrez comme les omissions sont importantes ; et je ne prends parti pour aucun argument entre les deux, je veux seulement dire que si Sabrier n’est pas d’accord avec les écrits de Flores, les ignorer n’est pas une façon de mettre en évidence des imperfections. J’ajoute qu’une étude de ce livre par Flores a été traduite en anglais par David H. Grace et j’espère vraiment qu’elle sera publiée dans AH (Antiquarian Horology), si possible avec la mienne. (note de l’éditeur : voir ci-dessous).
Un autre oubli d’importance, d’après moi, est un bon résumé technique concernant les différents mécanismes qui ont conduit à la découverte du remontage automatique, avec des descriptions appropriées et des dessins de telle façon que les lecteurs puissent comprendre eux-mêmes ce dont l’auteur parle. A cet égard, le livre est un échec et on trouve des mécanismes tout au long des différents chapitres, si bien que je suis souvent loin de savoir simplement ce que l’auteur veut dire. Plus loin au chapitre 3, lorsque l’auteur écrit sur les « développements antérieurs » (seulement 2 pages), les affirmations pour la plupart ne sont pas claires et la raison selon laquelle les auteurs pensent (ou l’auteur pense) que les mouvements « antérieurs » nécessitaient 2 barillets « de façon à surmonter la difficulté de maintenir les rouages sous tension pendant le remontage » est bien évidemment fausse, les montres possédant des barillets (going barrels). Au contraire, Flores dans son livre « Perpétuelles à roue de rencontre… » fait un bon travail d’analyse des problèmes d’isochronisme liés à l’échappement à verge. Le chapitre 3 contient également un des quelques dessins modernes du livre, une vue de côté du mécanisme à barillets jumelés, avec des éléments numérotés ( ?) mais sans aucune note d’accompagnement ni texte explicatif.
Cela me conduit à mentionner ce que je considère comme étant un autre manque : le fait que l’auteur a éparpillé tout au long du texte des images de montres et de leurs différents mécanismes, de telle sorte que je ne suis pas plus éclairé après avoir lu le livre sur les développements qui ont été faits et dans quel ordre. Par exemple, on trouve tout au long du texte, des pages 25 à 210 et dans la dernière partie intitulée « Montres automatiques contemporaines », des montres dans lesquelles la masse oscille quand elle est positionnée sur le bord de la platine, comme présenté dans le Brevet anglais de 1780 de Louis Recordon. Cette partie présente également quelques montres sans clé de Breguet et John Roger Arnold, avec l’affirmation que Charles Oudin a été le premier à concevoir une montre qui pouvait être remontée sans clé, en 1806. Ceci, comme je le crains pour beaucoup d’autres choses dans le livre, est incorrect de fait, mais je laisse de côté.
La partie centrale du livre contient des exemples par Breguet et Jaquet-Droz, avec des tables parmi celles fournies par Droz à d’autres détaillants comme James Cox. De bons renseignements avec de bonnes photos en couleurs modernes, qui procurent un complément nécessaire à l’ouvrage standard sur le même sujet par Jaquet et Chapuis publié en 1952.
Suit un chapitre sur l’organisation de la production en Suisse, avec beaucoup d’exemples accompagnés de renseignements concernant les fabricants actuels par opposition aux noms de « détaillants » qu’ils portent. Un but louable mais dans lequel des affirmations sont faites les unes après les autres, comme « une preuve existante suggère que (Moyse Gevril) pourrait être légitimement considéré comme le créateur du type de montre caractérisée par une masse remontante ronde en laiton doré », sans aucun apport de références ou de preuves.
Il faut dire surtout que malheureusement les preuves manquent tout au long de ce livre, faisant ressortir que nombre d’informations présentées comme des faits sont en réalité des affirmations d’opinions. Pour l’une, j’aimerais avoir pu être à même de vérifier les preuves et de corriger ou mettre à jour mes propres opinions, si possible.
Suivent les chapitres sur la production (de montres ?) en France et en Allemagne, mais beaucoup d’entre elles sembleraient, au moins pour moi, trouver leurs origines en Suisse et il n’est fait aucune mention de celles produites en Amérique par Hermann Von der Heydt, un fabricant de montres allemand qui est parti à Chicago dans les années 80, et des exemples d’autres américains. Outre le chapitre sur Recordon, on peut trouver quelques exemples d’anglais par Fairclough et Ponkett dans le chapitre sur Jaquet-Droz où, ce qui est correct je crois, il est dit que leurs origines se trouvent en Suisse.
Les deux derniers chapitres concernent les montres bracelets à remontage automatique et les nouveaux développements dans ce domaine. Le dernier se lit plus comme une publicité pour leurs fabricants, mais dans l’étude générale des développements antérieurs sur les montres bracelets, Sabrier a fait un travail plutôt meilleur et ce chapitre est bien présenté, accompagné de quelques dessins de brevets et la plupart, sinon la totalité, des principaux développements sont montrés : Leroy, Harwood, Autorist, Hatot, Rolls etc…
Je ne peux faire mieux que considérer ceci comme une « belle » production avec de belles photos en couleurs, mais avec un texte souvent pauvre. En tant que tel, il vaut peut-être mieux le mettre sur une étagère. Mais je crois plutôt que certains pourraient s’appuyer lourdement sur les opinions de l’auteur, de telle sorte que les vérités historiques deviendront obscures au lieu d’être lumineuses.
Dans sa conclusion, l’auteur signale qu’il a essayé de faire « une étude en profondeur de ces sujets et de leurs développements », suite à quoi je ne peux terminer cette courte étude qu’en disant qu’à ce sujet, il a complètement échoué.
Relógio de bolso de Abraham-Louis Perrelet, automático
O artigo de Richard Watkins
Cet article, traduit pas notre secrétaire Chantal, est visible en anglais sur le site de l’Association américaine
http://mb.nawcc.org/showthread.php?87803-Review-Sabrier-%C2%93The-self-winding-watch%C2%94-Part-1-Overview
http://mb.nawcc.org/showthread.php?87804-Review-Sabrier-%C2%93The-self-winding-watch%C2%94-Part-2-Detailed-comments
Il a été réalisé par M Richard Watkins, un australien passionné d’horlogerie ancienne
Etude : Sabrier « La montre à remontage automatique » - 1re partie – Analyse critique
Sabrier, J.C. : La montre à remontage automatique du 18e au 21e siècles – 308 pages – 252 illustrations (beaucoup en plusieurs parties) – 2011 – Paris, Editions Cercle d’Art.
Qualité : pauvre.
Jean-Claude Sabrier est un écrivain tenu en haute estime et de l’avis de certains « l’un des plus éminents experts horlogers au monde ». Dans ce contexte, son livre est susceptible d’être considéré comme la « Bible » des montres automatiques, remplaçant le livre de Jaquet et Chapuis de 1956 : « L’histoire de la montre automatique » et sa première édition en 1952 : « La montre automatique ancienne ». Cela étant, l’auteur doit s’assurer que son travail est détaillé et au-dessus de toute critique. Malheureusement, ce n’est pas le cas et je crains beaucoup que les futurs étudiants en horlogerie retireront une connaissance erronée et peu satisfaisante sur le sujet.
J’ai déjà signalé que j’essaie de faire la critique des livres dans le contexte des buts annoncés par l’auteur. Quelquefois, aucun n’est spécifié mais d’autres livres énoncent, dans une préface ou une introduction, ce que nous pouvons attendre. Il est alors possible de comparer les résultats avec les ambitions de l’auteur. Dans le cas présent, nous avons une préface de Jean-Claude Biver (PDG de Hublot) pour nous guider. Il dit en partie : « aujourd’hui les historiens et les chercheurs privilégient une approche plus rigoureuse et méthodique… Le livre de Jean-Claude Sabrier est destiné à devenir un outil essentiel et indispensable pour tous les collectionneurs, les étudiants, les historiens et les négociants ».
Voir ce livre sous un tel angle, c’est médiocre.
Il y a 3 problèmes majeurs avec ce qu’écrit Sabrier.
Premièrement, c’est un chroniqueur et non un historien. En tant que chroniqueur, il ne fait que présenter une information (bien que pas toujours pas dans un ordre chronologique). Par contre, un historien doit aussi analyser et interpréter l’information pour fournir une explication crédible des événements. Sabrier ne le fait pas. Il suggère indirectement certaines choses mais sans aucun argument à l’appui pour justifier ses déductions.
Deuxièmement, une condition essentielle, tant pour les chroniqueurs que pour les historiens, est de présenter toutes les preuves soit directement, soit à travers des références appropriées. Ceci est nécessaire pour s’assurer que les interprétations soit par l’auteur, soit par le lecteur, sont basées sur une compréhension juste et détaillée. Mais Sabrier ne présente pas toutes les preuves. Au contraire, il choisit des extraits qui servent son propos et ignore ce qui le gêne. Et sauf en ce qui concerne Jaquet et Chapuis et quelques documents antérieurs, le livre est dépourvu de preuves. C’est comme si Sabrier était la première personne à écrire sur le sujet depuis les années 1950. C’est absurde, ne serait-ce que vis-à-vis de Joseph Flores. Qu’on le haïsse ou qu’on l’aime, Flores a apporté une importante contribution à l’histoire des montres automatiques et on ne peut pas l’ignorer. Mais Sabrier fait tout pour prétendre que Flores n’existe pas !
Et troisièmement, le livre porte sur le dessin d’un aspect particulier des montres, le mécanisme à remontage automatique qui est très technique. Mais, à l’exception de citations de notes de Breguet, Sabrier ignore le dessin, se limitant à quelques obscurs schémas et quelques commentaires superficiels et souvent obscurs également. L’exemple évident est la distinction entre les montres possédant un rotor central et celles ayant un poids servant de balancier, pivotant sur le bord du mouvement, dont la conception est différente. Sabrier passe par-dessus cela et ainsi passe sur des principes de schémas très importants.
Il y a un domaine dans lequel je suis sûr que Sabrier est un expert avec des connaissances beaucoup plus étendues que les miennes. Ce domaine est l’identification des montres. Comme Biver l’indique aussi dans sa préface : « il était nécessaire de déterminer la véritable origine des montres vendues… Dans la plupart des cas (Sabrier) était capable de préciser l’atelier où avait été fabriquée la montre ; sinon, il indiquait au moins l’origine géographique de la montre ». Mais Sabrier présente les informations sur les origines comme des faits, sans aucun détail et souvent sans dater les montres, et il n’essaie pas d’apprendre au lecteur comment reconnaître les caractéristiques des montres qui permettent de déterminer les lieux. Il semble bien qu’il ne souhaite pas partager sa compétence avec d’autres.
Il semble que Biver ait raison et de futurs chercheurs s’appuieront sur ce livre. Auquel cas le progrès dans l’histoire de l’horlogerie sera retardé de nombreuses années. Malgré de sérieuses erreurs, les livres de Jaquet et Chapuis et de Flores sur les montres automatiques restent les meilleurs et les plus importants. Si le lecteur souhaite un beau livre avec beaucoup d’excellentes photos sans tenir compte du texte, alors il pourrait valoir la peine de posséder ce livre. C’est pourquoi le collectionneur moyen et le marchand trouveront que c’est un complément utile dans leur bibliothèque. Mai si vous vous intéressez à l’horlogerie avec sérieux, alors considérez-le avec scepticisme et grande précaution.
Etude : Sabrier « La montre à remontage automatique » - 2e partie – Commentaires détaillés
Il est essentiel, lorsqu’il parle d’un livre, que le critique justifie ses commentaires. Cette partie traite en détail des aspects du livre. Les 3 premiers chapitres sur les origines des montres automatiques doivent être considérés dans leur ensemble car ils ne sont pas dans un ordre chronologique.
Chapitre 1 : « Origines et développements de l’invention ». Ce chapitre commence par un résumé d’une partie des vagues et inadéquates preuves d’une première invention (voir Jaquet et Chapuis pour une bien meilleure étude). Il est suivi par quelques preuves (mais pas toutes, tant s’en faut) concernant le développement dans les années 1770 par Abraham-Louis Perrelet.
Sabrier cite ensuite une écriture dans un registre relative à un rapport décrivant une montre fournie par Sarton mais il ne fournit pas le rapport lui-même. Ce rapport est la plus ancienne description détaillée avec le dessin d’une montre automatique qui a un rotor, par opposition au mécanisme à remontage automatique à balancier (une traduction du texte de ce document existe dans l’édition anglaise de Jaquet et Chapuis, pages 66-68, et une explication du mécanisme apparaît aux pages 48-51. Le livre « Perpétuelles à roue de rencontre » de Joseph Flores fournit un facsimilé du texte original accompagné du schéma et d’une explication). Sabrier remarque ensuite que les montres de Sarton étaient « presque certainement » fabriquées à Neuchâtel. Il utilise une page des comptes de Philippe DuBois pour soutenir ceci, ce qui montre que Sarton était un marchand (marchand bijoutier). Puis, sans explications, il déclare que les inventeurs signaient leurs montres (bien que Perrelet ne l’ait pas fait), mais les fabricants sont généralement anonymes, et il poursuit en remarquant que souvent le style des montres trahissait leur origine.
Toutefois, Sabrier ne fait aucune tentative explicite pour tirer des conclusions de cette information, laissant le soin au lecteur de déduire qu’il suggère que Sarton n’était pas un fabricant de montres et de ce fait n’avait pas pu dessiner et fabriquer une montre automatique. Et de toute façon, s’il l’avait inventée il l’aurait signée. Cette approche indirecte, plus le fait qu’il ne fournit que des preuves sélectionnées, induit en erreur. Par exemple, la page de comptes utilisée pour montrer que Sarton était un marchand provient du « Grand livre A – I » de Philippe DuBois, page 209. On y voit des achats de 1786 à 1793 pour un total de 221.498 £, et un montant d’une telle importance signifie que Sarton était un commerçant achetant à DuBois et revendant à des détaillants (bien que les prix soient très variables, ce montant doit représenter environ 5.000 montres). Mais un livre de comptes antérieur (DB No 4, pages 82-83, couvrant la période 1777 à 1785) répertorie « Monsieur Sarton Mre Horloger (maître horloger) à Liège », et son commerce ne contredit pas le fait que c’était un fabricant de pendules très habile (bien que, peut-être, pas un fabricant de montres). Comme indiqué plus bas, l’omission complète du rapport de Sarton ne peut être due qu’au fait que Sabrier aurait de grandes difficultés à l’expliquer, car il va à l’encontre de ses opinions. (J’ai eu l’occasion d’examiner les livres de comptes de DuBois jusqu’en 1824. Seulement un jeu d’écritures concerne Abraham Louis Perrelet ; de 1761 à 1763, Perrelet « horloger au cour du village » a été payé 151,14 £ pour du finissage. D’autres références portent sur diverses personnes, à l’exception peut-être d’une en 1763-64, mais cela ne concerne que 6 mouvements simples. Malheureusement presque toutes les ventes sont pour « marchandises ». Cependant, il y a quelques mentions explicites sur des montres à répétition et il est donc raisonnable de considérer que « marchandises » se rapporte à des montres simples. Nulle part ne sont mentionnées des montres automatiques).
Le reste du chapitre présente quelques montres automatiques plus récentes, jusqu’aux années 1850. Il s’agit peut-être des « développements » annoncés dans le titre mais il n’y a aucune tentative pour discuter des mécanismes et aucune explication de la raison pour laquelle ces montres en particulier peuvent être répertoriées et pas d’autres. C’est un résumé plutôt inutile.
Ce qui est clair, c’est que Sabrier n’est pas un historien. Il ne fournit que des preuves sélectionnées sans les analyser, sans parler de l’interprétation.
Chapitre 2 : « Abraham-Louis Perrelet ». Il commence en paraphrasant Jaquet et Chapuis puis cite des documents faisant état de l’invention à Neuchâtel, d’une montre à remontage automatique antérieure à 1777, précisant que « le nom de Abraham-Louis Perrelet apparaît pour la première fois… dans une lettre du 7 mai 1782 ». Ce qui est vrai mais Sabrier ignore délibérément des documents antérieurs datés de 1777 qui se réfèrent à des Perelet et Perlet ! La différence d’orthographe peut ne pas avoir d’importance, mais on ne peut passer cela « sous le tapis ». Ce que nous savons avec certitude, c’est que quelqu’un (probablement Perrelet) a fait des montres automatiques avant 1777. (Beaucoup plus loin dans le livre, Sabrier signale comme un fait mais sans aucune preuve, que Perrelet les a fabriquées en 1770 mais plus probablement aux environs de 1775). Sabrier continue : « leurs mouvements à échappement à verge avec fusée et chaîne ont généralement un système de remontage caractéristique avec un poids qui pivote au centre de la platine arrière » et présente des extant rotor watches (montres à rotor conservées ?) (sans expliquer les schémas). Ce qu’il suggère, sans aucune justification, est que Perrelet a créé son dessin et a fabriqué au moins quelques-unes de ces montres. Cependant, aucune des extant watches (montres conservées ?) n’est signée par Perrelet, aucune ne peut être datée avec précision et bien qu’il y ait quelques preuves laissant penser à une origine neuchâteloise (expliqué par Jaquet et Chapuis mais pas par Sabrier), il y avait au moins un autre fabricant dans la région (voir à nouveau Jaquet et Chapuis).
Seules les 3 premières pages du chapitre concernent Perrelet, et les dernières parties présentent différents mouvements à rotor.
Enfin, le chapitre 3 : « Tout premiers développements » décrit vaguement 2 types de montres à balancier avec échappement à verge et remontoir à barillet. Il y a un schéma du mécanisme du remontoir qui est absolument incompréhensible, sans aucune explication valable et une affirmation tout à fait incorrecte : que le remontoir « était utilisé dans ces 2 montres de façon à surmonter les difficultés à maintenir le rouage sous tension pendant le remontage » (du fait que les montres ont des barillets perpétuels, cela ne peut pas être un problème, et en réalité le remontoir était utilisé pour pallier le manque important d’isochronisme dans l’échappement à verge. C’est pourquoi les montres normales à verge doivent utiliser une fusée et que les montres automatiques les plus intéressantes d’un point de vue technique sont celles avec échappement à verge). Quiconque s’intéresse à ces montres fascinantes doit lire le livre de Flores « Perpétuelles à roue de rencontre » dans lequel le mécanisme est soigneusement analysé.
Après les médiocres 6 paragraphes de texte, Sabrier lâche une bombe : « Perrelet a résolu ce problème en utilisant le différentiel complexe décrit en détail à l’Académie des Sciences de Paris par Hubert Sarton en 1778 ». Non seulement ceci figure dans le mauvais chapitre, mais c’est manifestement malhonnête. Ce que Sabrier ne mentionne pas, c’est que son avis sans fondement selon lequel Perrelet a inventé les montres à rotor suggère nécessairement que Sarton était un menteur et un tricheur car il a fait publier un dessin comme étant le sien, dans les mémoires de l’Académie de Paris !
Ailleurs, Sabrier est un peu plus direct. En mai 2007, dans le catalogue de Antiquorum « Montres bracelets, montres de poche, pendules et outillages d’horlogerie de collectionneurs importants », il a écrit : « à la fin des années 1770 (Sarton) a fait un voyage au Locle où il a pu examiner des montres automatiques fabriquées par Abraham-Louis Perrelet. Ensuite, de retour à Paris, il a classé un document avec l’Académie des Sciences de Paris, daté du 23/12/1778 ». De cette façon, il explique pourquoi il considère Sarton comme un personnage mesquin. Mais Sarton n’a peut-être jamais été au Locle et son commerce avec Philippe DuBois a probablement été traité par l’intermédiaire de vendeurs qui voyageaient, envoyés par Philippe à travers l’Europe. (Dans un petit livre : « DuBois1785, histoire de la plus ancienne fabrique suisse d’horlogerie »,Chapuis mentionne de manière réaliste un voyage ultérieur : « les 3 fils de Philippe DuBois ont entrepris de longs périples ; l’inventaire de 1823 fait état de 3 post chaises (chaises à porteurs ?). Ces montagnards sains et robustes ne craignaient ni la fatigue ni les difficultés que représentaient les voyages à l’époque. Quelquefois des conflits (guerres ou révolutions) éclataient dans les régions qu’ils devaient traverser. Ainsi Charles DuBois raconte dans ses mémoires qu’il devait passer par Waterloo peu de temps après la fameuse bataille et que le spectacle de milliers de corps non enterrés et de fermes brûlées était horrible à voir, de telle sorte que l’image du carnage a hanté son esprit pendant longtemps. Malgré tout, les résultats de ces voyages étaient toujours considérables »). Même si Sarton est allé voir Perrelet, ce n’est pas une preuve suffisante pour l’accuser d’un plagiat flagrant ; après tout, il a pu le faire pour que Perrelet lui fabrique une montre suivant son propre dessin.
L’absurdité de l’accusation de Sabrier est évidente pour 2 raisons. Premièrement, Sarton ne serait pas « retourné » à Paris ; il vivait à Liège. Et deuxièmement, Sarton a présenté à l’Académie une montre et non un document. Le document a été écrit par Le Roy et Defouchy après qu’ils eurent examiné la montre. Bien sûr, le lecteur ne le saura pas car Sabrier a, délibérément, omis de parler de ce rapport dans son livre.
Bien que ces événements se situent sur une courte période, de 1775 à 1778 environ, il y a peu de doute que Perrelet a fait des montres automatiques avant Sarton. Le doute réside dans le type de mécanisme qui équipait les montres, et à moins de diffamer Sarton, nous devons mettre à son crédit le dessin du rotor.
En plus d’une étude photographique des montres, le chapitre 4 « Louis Recordon » présente quelques déclarations intéressantes et curieuses.
Premièrement, Sabrier est heureux d’accepter le brevet de Recordon, de 1780, alors qu’il est heureux de rejeter celui de Sarton. Pourquoi ?
Deuxièmement, Sabrier cite un état de 1863 (généralement considéré comme fiable) selon lequel « les plus anciennes montres automatiques fabriquées par Abraham-Louis Perrelet » ont été achetées par Breguet et Recordon. Mais il ignore cette implication évidente : comme Breguet a « amélioré » ces montres, il est très vraisemblable que les montres de Perrelet étaient du type à balancier, comme celles de Breguet et Recordon ; ce qui, bien sûr, confirme le point de vue inacceptable selon lequel Sarton a été l’inventeur du style à rotor ! Et il note que Breguet a probablement été le fabricant des montres brevetées par Recordon et conclut : « c’est Abraham-Louis Breguet qui a réussi à fabriquer… des montres suivant les principes établis par Recordon » dans son brevet. Comme cette affirmation est répétée en d’autres termes, il apparaît que Sabrier croit que Breguet a copié et amélioré l’invention de Recordon. Cecontre-pied de l’opinion communément admise selon laquelle Recordon a breveté le dessin de Breguet est probablement dû au fait qu’il ne comprend pas le rôle des brevets, qui est en premier lieu de contrôler le marché et éviter la concurrence. Le brevet doit certainement décrire quelque chose de nouveau, mais original seulement en Angleterre, et pas nécessairement une nouvelle invention. Ainsi, un brevet n’empêche pas les copies d’idées étrangères. (Je laisse le soin au lecteur de déduire pourquoi je ne pense pas que cet argument s’applique au rapport sur la montre de Sarton).
Troisièmement, en raison de 2 autres erreurs il semble que Sabrier ne soit pas compétent techniquement parlant, ce qui explique pourquoi ce livre est vide d’explications techniques. Pour commencer, il stipule que « le système de remontage était si efficace qu’un procédé de verrouillage était nécessaire pour être sûr que le ressort moteur ne casserait pas à cause d’un remontage trop fort ». Bien que superficiellement correct, cela est vrai pour n’importe quel système de remontage automatique et n’est pas spécifique au dessin de Recordon. Puis il écrit que « Breguet a beaucoup amélioré l’efficacité du système : 2 barillets en ligne lui ont permis d’utiliser des ressorts moteurs plus forts… ». Mais les barillets n’ont rien à voir avec le système de remontage automatique et leur but était de pouvoir utiliser des ressorts moteurs plus faibles et plus longs qui améliorent à la fois la réserve de marche et l’isochronisme. (A l’exception d’une erreur compréhensible concernant le cuivre au lieu du laiton, la traduction anglaise est excellente, donc ces erreurs doivent être dans le texte original de Sabrier. De toute façon, dans le chapitre suivant Breguet est cité : « 2 ressorts moteurs, chacun ayant la moitié de la force »). De plus, Sabrier indique que le système de Recordon a évolué, mais il ne dit rien du tout sur ce que cela signifie, ni comment il a évolué.
Globalement, j’ai trouvé le chapitre superficiel.
Le 5e chapitre : « Abraham Louis Breguet et ses étudiants », commence par une traduction de la description de Breguet de ses montres automatiques, qui comprend 20 pages. Contrairement à Jaquet et Chapuis qui ont une traduction annotée du même texte, Sabrier ne fait pas de commentaires sur la description, laissant au lecteur le soin de comprendre un texte quelque peu obscur. Puis de nombreuses montres sont présentées, fournissant une bonne étude illustrée. Le chapitre se termine par une discussion sur les montres de Oudin et Mugnier. Cela débute en mentionnant et présentant une montre d’Oudin dans laquelle l’ensemble du mouvement oscille dans la boîte, mais Sabrier ne se donne pas la peine d’expliquer le mécanisme. Chapitre 6 : « Les Jaquet Droz et leur domaine ». Ce chapitre commence par une longue biographie qui porte principalement sur les pendules et les automates, et nous devons patienter pendant de nombreuses pages avant que les montres soient mentionnées. Puis, après un bref regard sur les comptes des Jaquet Droz, une quantité de montres sont présentées et décrites, y compris quelques-unes signées de fabricants de Liverpool. A nouveau, il n’y a aucun détail technique, et des commentaires du genre « arrêtage inhabituel » ne sont pas expliqués. Il est intéressant de constater qu’à ce stade, la structure et le contenu sont très semblables au livre de Jaquet et Chapuis, et j’ai l’impression que Sabrier, pour écrire, s’est appuyé sur ce livre. Peut-être au point d’en paraphraser quelques extraits. La différence principale est que le livre de Sabrier a beaucoup moins de texte et beaucoup plus de bien meilleures illustrations.
Les 3 chapitres intitulés : « Organisation de la production en Suisse, France et Allemagne » n’ont absolument rien à voir avec la production, encore moins avec son organisation. Mise à part une remarque sur le fait que la plupart des montres suisses avaient pour base des ébauches provenant de quelques ateliers (évidemment), les chapitres sur la Suisse et la France ne font que présenter des montres de différents fabricants avec des commentaires sur leurs similitudes sous-jacentes. La superficialité est claire. Premièrement, la plupart des montres ne sont pas datées et pour les quelques-unes qui le sont, aucune explication n’est donnée sur la datation. Ce qui concerne plus particulièrement les montres du début ou d’avant les années 1780. Deuxièmement, il n’y a pas de renseignements techniques. Par exemple, Sabrier écrit que plusieurs montres françaises ont « un système de remontage automatique inhabituel et très caractéristique » sans même apporter le moindre commentaire sur ce dont il s’agit. Troisièmement, une montre de style à balancier est présentée et on nous dit que « sous le cadran on trouve la signature A.L. Perrelet. A ce jour, ce fameux horloger est considéré comme étant l’un des inventeurs de la montre automatique, bien que toutes ses premières montres aient utilisé le système primitif à rotor ». Comme cette montre à balancier paraît être la seule montre automatique signée par Perrelet (c’est certainement la seule dont j’aie jamais entendu parler), comme il n’y a pas de preuve qu’il ait jamais fait d’autres montres à rotor (bien qu’il ait pu en faire pour Hubert Sarton) et que le système à rotor n’est en aucune façon primitif, nous devons traiter cette information comme une pure supposition injustifiée. (Je soupçonne que la phrase sibylline « un des inventeurs » se rapporte à Recordon. Je me demande également si Perrelet aurait été « fameux » s’il n’avait pas été concerné par les montres automatiques). Et quatrièmement, il y a 5 schémas du mécanisme d’une montre française, mais comme il n’y a pas d’explications, ils sont obscurs et inutiles.
Sauf pendant les 2 premières pages, le chapitre sur l’Allemagne n’est pas significatif. Il y a 2 pages sur les pendules ( !), une sur les montres avec 3 photos suivies de 7 pages sur les biographies des familles Liebherr et Mahler. Ces biographies sont imprimées sur du papier de couleur avec une bordure, complètement différent du reste du livre. D’où ma supposition qu’elles ont été écrites par quelqu’un d’autre. Comme Sabrier ne se donne pas la peine de fournir des références, cela est très possible.
Les 2 premières pages du chapitre contiennent une bombe probablement involontaire. Avec sans doute ses propres mots, Sabrier décrit un rapport sur une montre automatique inventée par Joseph Tlusios. On nous dit que ce rapport a paru dans le « Leipziger Newsletters », mais Sabrier n’indique aucune date, sans parler d’un facsimilé. On pourrait bien admettre cela jusqu’au moment où on lit « 2 ans plus tard, en 1777… ». Un rapport figure dans « L’esprit des journaux français et étrangers » sur une autre montre identique inventée par Joseph Gallmayer, avec sa traduction. A ce stade, probablement parce que Sabrier ne considère pas cette information suffisamment intéressante pour donner lieu à un commentaire, il passe aux pendules allemandes sans indiquer que l’invention allemande de 1775 est contemporaine de l’invention de Perrelet ou peut-être antérieure.. Et au lieu d’inclure ce rapport remarquable dans les 2 premiers chapitres, il le cache presque à la fin du livre !
Les 3 derniers chapitres portent sur des montres plus récentes.
Malgré son titre « Montres automatiques contemporaines », le chapitre 10 porte sur les montres des 19e et 20e siècles. Il commence par une affirmation absurde. Après avoir indiqué que les montres automatiques ont été développées de telle façon que leur boîtier pouvait être scellés, Sabrier écrit : « c’est pourquoi la recherche et le développement de ce type de montre a pratiquement cessé quand, après la seconde guerre mondiale, l’utilisation de montres qui pouvaient être remontées et réglées par le pendant s’est généralisée. ». Même si nous remplaçons « seconde » par « première », n’importe qui ayant une culture moyenne saura que c’est absolument ridicule. Ce que Sabrier réalise car, à peine une page plus loin, il se contredit. (On peut dire que je rabâche sur de « petites » erreurs. Mais la plupart des petites erreurs donnent une idée du manque de rigueur ou d’une compréhension médiocre. De toute façon, un écrivain ou un éditeur compétent aurait dû relever les défauts, les mettre en question et s’assurer qu’ils étaient éliminés.
Le chapitre parle ensuite du remontage et du réglage du pendant sans clé, toujours sans aucun dessin informatif, ce qui est dommage car les développements antérieurs à ceux de Adrien Philippe méritent un soin particulier. Il étudie ensuite les manufactures de montres pendant la période concernée, y compris Lange & Söhne.
Contrastant avec le reste du livre, le chapitre 11 : « Montres-bracelets à remontage automatique » est un travail très soigné. Mais comme le reste du livre, il ne fournit aucun renseignement technique adéquat n’est fourni. Ceci est souligné par le fait que la bride de surtension (caractéristique essentielle de la plupart des montres-bracelets à remontage automatique) est ignorée.
Le dernier chapitre : « Nouveaux développements concernant les montres automatiques » est une étrange mixture. Il commence par un dessin de 1868 (guère nouveau) suivi par des montres à gousset et de voiture. Puis il présente les montres modernes de Piaget, Corum, Richard Mille, F.P. Journe et Hublot. Ces parties sont plus de la publicité qu’un texte utile.