segunda-feira, 30 de novembro de 2020
domingo, 29 de novembro de 2020
Já está disponível o Calendário Ecuménico Celebração do Tempo para 2021
Já está disponível o Calendário Ecuménico Celebração do Tempo para 2021.
Ficha Técnica:
Supervisão editorial: Eliete Duarte (Diretora de Paulinas Editora)
Direção científica: José Eduardo Franco (CIPSH – Cátedra de Estudos Globais (CEG)/Universidade Aberta e CLEPUL/FLUL)
Coordenação geral, organização e edição dos textos explicativos: Rui A. Costa Oliveira (Centro Estudos Ciência das Religiões/Univ. Lusófona e CLEPUL/Faculdade Letras Univ. Lisboa)
Coordenação e organização de conteúdos literários e imagens: Lidice Meyer Pinto Ribeiro (Professora Convidada ULHT e Investigadora do CLEPUL/UL)
Edição: © PAULINAS EDITORA – Rua Francisco Salgado Zenha, 11 – 2685-332 Prior Velho • Tel. 219 405 640 • Fax 219 405 649 • e-mail: editora@paulinas.pt • www.paulinas.pt
sábado, 28 de novembro de 2020
Relógios mecânicos e de sol na Casa da Ínsua, Penalva do Castelo
Assinado E. DUCRETET & Cia - Paris, trata-se de um heliocronómetro, do tipo equatorial. Colocado sobre uma base móvel, pode assim ajustar-se à latitude do lugar. A sombra projectada no disco principal marca a hora do dia. Uma lente (a chamada alidade), colocada à distância de 15 cm do mostrador secundário, concentra a luz do sol e indica o dia do ano, segundo o calendário gregoriano. Nesse mostrador, em forma de língua, uma linha assinala os Equinócios, outra a meridiana do tempo verdadeiro. Estas duas linhas perpendiculares fazem a divisão das 4 Estações e indicam os meses do ano. A meridiana do tempo médio também está gravada, marcando a chamada Equaçâo do Tempo (a variação de mais 16 ou menos 14 minutos, ao longo do ano, na duração do dia de 24 horas). Tem a forma de uma espécie de 8, a que se chama Analema.
Este tipo de relógio de sol, bastante sofisticado, fabricado pelas oficinas de instrumentos de precisão de Eugene Ducretet e L. Lejeune, em Paris, serve também para ensinar noções de astronomia.
"Eugène Adrien Ducretet (1844-1915) foi um fabricante francês de instrumentos científicos e aparelhos de precisão, recordado como um curioso impenitente, ávido de descobrir e inovar. Foi ele quem, juntamente com Gustav Eiffel, esteve no topo da Torre Eiffel, protagonizando as primeiras experiências de Telegrafia Sem Fios. Foi no dia 5 de Novembro de 1898 e a comunicação foi estabelecida com o Panteão a quatro quilómetros de distância. No ano seguinte as ondas de TSF emitidas na Torre Eiffel atravessariam o Canal da Mancha pela primeira vez… Seria este o pretexto que ajudaria Gustav Eiffel a salvar a sua torre, cuja desmontagem, após a Feira Universal, estava programada desde a sua construção, em 1889. Um eficaz suporte para antenas era a necessidade emergente para a qual a Torre dava a resposta e que permitiu que ela ali permanecesse, chegando aos nossos dias e se tornando-se num dos locais mais visitados do mundo", faz notar José Luís Nogueira em apontamentos de 2009, ainda inéditos, sobre a Casa da Ínsua.
"A casa é um edifício de fachada corrida e aberta para belos jardins e a antiga vila de Castendo, hoje Penalva do Castelo, cuja autoria do projecto se atribui ao arquitecto portuense José Francisco de Paiva, embora também seja provável que as directrizes gerais da obra tenham sido elaborados no Brasil, pelo próprio Luís de Albuquerque e a sua equipa de técnicos, tendo o seu irmão João de Albuquerque sido encarregue de as acompanhar.
[José Francisco de Paiva (1744 - 1824), foi um ensamblador e arquitecto do Porto. Terá feito caixas de relógios, em madeira, para a comunidade inglesa na cidade.]
"O jardim em frente da casa é de inspiração francesa, à Le Nôtre, e divide-se em dois níveis, apresentando um traçado geométrico, com os seus compactos buxos de formas singulares, podados em cornucópias, jarras e leques. As camélias, mais de quarenta variedades, que foram plantadas por volta de 1840, e as roseiras, dão a este jardim uma alegria especial, juntamente com um variado conjunto de flores, algumas das quais raras no nosso país, e que apresentam cores diferentes ao longo do ano. No lago central, entre Junho e Julho, florescem as flores de Lótus, cuja beleza se pode admirar apenas durante um dia. O tanque do cisne é outra chave de harmonia deste local."
"No final do século XIX, princípios do século XX, quase não havia terreno na povoação da Ínsua que não tivesse o marco da flor-de-lis a assinalar a propriedade da família dos Albuquerques.
"Casa nobre e de grande riqueza, também nos muitos terrenos de cultivo era preciso fazer guarda para evitar o desvio de produtos. E é assim que a Casa da Ínsua possuía o seu próprio guarda-nocturno, a quem cabia essa função de vigilância e segurança. A tarefa não era fácil, uma vez que, todas as noites, tinha que percorrer a totalidade da imensa propriedade.
"Para garantir que a vigilância era cumprida religiosamente e controlar o desempenho do seu guarda-nocturno, João de Albuquerque, o último fidalgo da Ínsua, implementou um sistema infalível. Nas suas rondas, o guarda-nocturno levava consigo um cinto, munido de um relógio com um dispositivo especial.
"No seu interior, um mecanismo fazia rodar um rolo de papel numerado, que avançava cada centímetro em predeterminado período de tempo e que tinha que ser marcado em cada ponto de passagem do seu circuito prédefinido. Isto fazia com que o guarda-nocturno tivesse que percorrer cada ponto específico da quinta num período de tempo que lhe tinha sido atribuído.
"Para ter a certeza que o guarda-nocturno passava nesses pontos dentro do tempo determinado, João de Albuquerque adoptou um outro sistema associado ao mecanismo do relógio, que era constituído por pontos de controlo com chaves de formas diferentes, colocadas em pontos nevrálgicos da quinta.
"Ao passar por cada um desses pontos, o guarda-nocturno tinha que introduzir essa chave específica no relógio, que deixava uma impressão distinta no papel e, assim, comprovava que tinha passado por ali na hora que o relógio do cinto marcava na cinta de papel que ia rodando inexoravelmente.
"Só João de Albuquerque tinha acesso ao interior do relógio e, conferindo as marcas deixadas nas diferentes numerações do papel, ficava a saber se as marcas das várias chaves estavam feitas e dentro do período correcto.
"Diz-se também que João de Albuquerque era tão zeloso do cumprimento das tarefas do guarda-nocturno, que conseguia controlar se este estava na casa ou não, através de uma grelha que tinha no chão do seu próprio quarto."
Para saber mais sobre relógios de sol, vá aqui, aqui ou aqui.