quinta-feira, 30 de junho de 2022
Os relógios Meistersinger no Relógios & Canetas online
Meditações - a infinidade do espaço, a eternidade do tempo
Pouco a pouco vou perdendo a consciência nítida de que existo coextensamente com isto tudo, de que realmente me movo, ouvindo e pouco vendo, entre sombras que representam entes e lugares onde entes o são. Torna-se-me gradualmente, escuramente, indistintamente incompreensível como é que isto tudo pode ser em face do tempo eterno e do espaço infinito.
Passo aqui, por passiva associação de ideias, a pensar nos
homens que desse espaço e desse tempo tiveram a consciência analisadora e
compreendedoramente perdida. Sente-se-me grotesca a ideia de que entre homens
como estes, em noites sem dúvida como esta, em cidades decerto não
essencialmente diversas da em que penso, os Platões, os Scotus Erigenas, os Kants,
os Hegels como que se esqueceram disto tudo, como que se tornaram diversos
desta gente. E eram da mesma humanidade.
Eu mesmo que passeio aqui com estes pensamentos, com que horrorosa nitidez, ao pensá-los, me sinto distante, alheio, confuso e acabo a minha solitária peregrinação. Um vasto silêncio, que sons miúdos não alteram no como é sentido, como que me assalta e subjuga. Um cansaço imenso das meras coisas, do simples estar aqui, do encontrar-me deste modo pesa-me do espírito ao corpo. Quase que me surpreendo a querer gritar, de afundando-me que me sinto num oceano de uma imensidão que nada tem com a infinidade do espaço nem com a eternidade do tempo, nem com qualquer coisa suscetível de medida e nome. Nestes momentos de terror supremamente silencioso não sei o que sou materialmente, o que costumo fazer, o que me é usual querer, sentir e pensar. Sinto-me perdido de mim mesmo, fora do meu alcance. A ânsia moral de lutar, o esforço intelectual para sistematizar e compreender, a irrequieta aspiração artista a produzir uma coisa que ora não compreendo, mas que me lembro de compreender, e a que chamo beleza, tudo isto se me some do instinto do real, tudo isto se me afigura nem digno de ser pensado inútil, vazio e longínquo. Sinto-me apenas um vácuo, uma ilusão de uma alma, um lugar de um ser, uma escuridão de consciência onde estranho inseto procurasse em vão sequer a cálida lembrança’ de uma luz.
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego
quarta-feira, 29 de junho de 2022
Os relógios Montblanc no Relógios & Canetas online
Meditações - mais velho que o Tempo e que o Espaço
Sou mais velho que o Tempo e que o Espaço, porque sou consciente. As coisas derivam de mim; a Natureza inteira é a primogénita da minha sensação.
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego
terça-feira, 28 de junho de 2022
Os relógios Nomos no Relógios & Canetas online
Meditações - o tempo, o passado
O tempo! O passado! Aí algo, uma voz, um canto, um perfume ocasional levanta na minha alma o pano de boca das minhas recordações... Aquilo que fui e nunca mais serei! Aquilo que tive e não tornarei a ter! Os mortos! Os mortos que me amaram na minha infância. Quando os evoco, toda a alma me esfria e eu sinto-me desterrado de corações, sozinho na noite de mim próprio, chorando como um mendigo o silêncio fechado de todas as portas.
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego
segunda-feira, 27 de junho de 2022
Os relógios Officine Panerai no Relógios & Canetas online
Meditações - Sinto o tempo com uma dor enorme
Sinto o tempo com uma dor enorme. É sempre com uma comoção exagerada que abandono qualquer coisa. O pobre quarto alugado onde passei uns meses, a mesa do hotel de província onde passei seis dias, a própria triste sala de espera da estação de caminho de ferro onde gastei duas horas à espera do comboio — sim, mas as coisas boas da vida, quando as abandono e penso, com toda a sensibilidade dos meus nervos, que nunca mais as verei e as terei, pelo menos naquele preciso e exato momento, doem-me metafisicamente. Abre-se-me um abismo na alma e um sopro frio da hora de Deus roça-me pela face lívida.
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego
domingo, 26 de junho de 2022
Os relógios Omega no Relógios & Canetas online
Há 200 anos - jóias, cadeias de relógios e outros trastes de ouro vão a leilão
in Suplemento, n.º 35 ao Diário do Governo, de 26/06/1822 (arquivo Fernando Correia de Oliveira)
Meditações - medir o tempo
Sem métodos para medir e acompanhar o tempo, perdemos a capacidade de apreciar a sua passagem. Por outras palavras, se não o medirmos, o tempo perde todo o seu sentido. Portanto, um relógio ou calendário não é apenas um instrumento para medir o tempo, é uma expressão da concepção humana do tempo.
Roger Michel, fundador do Institute for Digital Archaeology