O som do relógio
Tem a alma por fora,
Só ele é a noite
E a noite se ignora.
Não sei que distância
Vai de som a som
Rezando, no tique
Do taque do tom.
Mas oiço de noite
A sua presença
Sem ter onde acoite
Meu ser sem ser.
Parece dizer
Sempre a mesma coisa
Como o que se senta
E se não repousa.
26-6-1929
Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia
de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp.
1990). - 122.
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