Já ouvi doze vezes dar a hora
No relógio que diz que é meio-dia
A toda a gente que aqui perto mora.
(O comentário é do Camões agora:)
«Tanto que espera! Tanto que confia!»
Como o nosso Camões, qualquer podia
Ter dito aquilo, até outrora.
E ainda é uma grande coisa a ironia.
8-3-1931
Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia
de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990). - 34.
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