RECUERDO
Tempos de outrora... Uma cigarra... a voz
de um sino além, tangendo Ave-Maria...
Um pôr-de-sol que os cipoais tingia...
Paisagens mortas... e nós dois a sós...
A minha mão roçando a tua... e após
a noite de veludo que descia...
Noturnos de Chopin... e um céu que ria
abrindo as portas de ouro para nós...
Lembras-te? Eras assim como és agora...
Só eu mudei. E como esta alma chora
olhando o que lá vai, doce evangelho...
E que ficou? De tudo que é que existe?
Uma saudade langue... um moço triste...
Um moço triste? Ah! que mentira! Um velho!
Heitor Silva
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