ARREPENDIMENTO
Um por um, os meus sonhos nesta vida,
despi no andar do tempo modorrento,
qual árvore esfolhada pelo vento
numa tarde outonal, entristecida.
Quebrei-me um pouco, assim, a cada ida
à procura não sei de qual intento.
Deixei amor, amigos e, ao relento,
destroços de minha alma enrijecida.
E hoje, velho, ao voltar da caminhada,
tropeço em meus pedaços pela estrada,
com saudosa visão aqui e ali.
Não mais me iludo, e essa descrença atesta
que passarei o tempo que me resta
recolhendo os pedaços que perdi.
Miguel Russowsky
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