Tem até sexta-feira, 4 de Dezembro, para ver exposições organizadas pelo Ephemera em Viseu. Uma, "Coisas do Ephemera", está patente na Junta de Viseu. A outra, do fotógrafo Rui Serrano, "Ephemera Eterna", está no Instituto Politécnico daquela cidade.
Os dias do Ephemera em Viseu começaram com a assinatura de um protocolo de cooperação entre o Arquivo Ephemera e o Instituto Politécnico local, que está a comemorar 40 anos. Foi ainda fundado o Núcleo de Voluntários de Viseu, com pontos de recolha de material para o arquivo no Politécnico e num café da cidade, o Faces.
José Pacheco Pereira, mentor do projeto Ephemera, referiu,
na cerimónia que serviu para selar o protocolo entre IPV e Ephemera, não ter um
"único momento de aborrecimento", quando recebem os mais variados
materiais, que vão desde simples papéis, a cartazes políticos, livros,
fotografias panfletos publicitários e até pacotes de rebuçados. A ideia
presente é de que tudo importa, porque, dizem, tudo é história. Para isso
contam com o trabalho de voluntários um pouco por todo o país. "Em Viseu
são pelo menos vinte", assegurou o historiador e investigador ao Jornal do
Centro.
Viseu é a partir de agora um ponto recolha. "Muitas
vezes as pessoas falam de outros objetivos como a capacidade para inventariar,
investigar e tratar os arquivos. Mas se os artigos não forem salvos,
desaparecem. E sabemos que, todos os dias, em Portuga, milhares e milhares de
documentos desaparecem. A nossa prioridade é salvar. E o arquivo Ephemera tem
uma vantagem que é ter postos de recolha em todo o país. Isso dá-nos uma rede
fina a que o acrescento de Viseu é relevante. Viseu é uma cidade antiga, com um
importante papel social, cultural e económico. Necessariamente tem muitos
fundos que nos podem interessar", assinalou Pacheco Pereira.
O Ephemera, diz o mentor do projeto, não quer ser
concorrência a outros arquivos. "Nós temos características próprias, temos
vantagens que outros não têm, mas não somos competitivos, sejamos bem claros. O
que dizemos é que, entre ter uma correspondência familiar, documentos de uma
empresa, fotografias que são relevantes, do ponto de vista da memória e da
história, em casa ou darem-nos, eles estão muito mais seguros dentro do
Ephemera", defendeu Pacheco Pereira. O historiador refere-se ao Ephemera
como um "arquivo de natureza diferente, completamente independente e
autónomo que não tem um tostão que o comprometa".Além destas
características, diz Pacheco Pereira, este é um arquivo "que recolhe
coisas que ninguém recolhe". "As pessoas perguntam-nos: isso
interessa? Respondemos sempre que sim. Depois vemos. A nossa experiência
diz-nos que as coisas que as pessoas não dão valor, a uma dada altura são muito
relevantes". E deu um exemplo. "Uma altura tivemos uma oferta de
panfletos de publicidade de supermercados com dez ou vinte anos. E um nosso
amigo que trabalha na história do design disse-nos que aquilo era relevante
para a história económica, com os preços, para o estudo da iconografia e é
relevante para percebermos como evoluiu o comércio de massas", descreveu.
Na cerimónia de apresentação do núcleo de Viseu da Ephemera, o presidente do
IPV, João Monney Paiva referiu-se à importância de um arquivo histórico estar
ligado a uma instituição de ensino superior. O presidente do IPV aproveitou para
lamentar, ainda, que em Portugal ainda não se arquivem mais documentos. João
Monney Paiva referiu que, no seu entender, há, no nosso país, "pouco
apreço à memória". A inauguração do Núcleo de Viseu da Ephemera integra-se
no Programa de Comemorações dos 40 Anos do Politécnico de Viseu.
Na preparação da exposição "Coisas do Ephemera"
Um
gabinete de curiosidades – Viseu e o mundo – Coisas do Ephemera
Coincidindo com a inauguração, sexta-feira, 6 de Novembro,
do núcleo do Arquivo Ephemera em Viseu, decorre na Junta de Freguesia da cidade
uma exposição temática, intitulada "COISAS DO EPHEMERA".
Comissariada por José Pacheco Pereira, Luís Pinheiro de Almeida e Fernando Correia de Oliveira, a mostra centra-se em 3 núcleos: música, gastronomia e material
avulso demonstrativo do “universo Ephemera”.
Na música, destaque para o primeiro disco gravado
pelo Rancho Regional de Manhouce, com Isabel Silvestre (1961). Mas também um dos EP’s do grupo pop-rock
Tubarões (1968). Ou um
CD dos Fingertips (2000).
Na gastronomia, cartões e ementas de restaurantes da
região, alguns já desaparecidos. Livros sobre a cozinha típica do distrito de
Viseu e ainda embalagens evocativas de doces locais.
Além disso, o Ephemera trouxe a Viseu algumas outras peças
variadas do seu acervo, demonstrativas do vasto universo que desde há mais de
uma década abarca, recolhe e trata. Um autêntico Gabinete de Curiosidades,
para preservação da Memória.
A exposição, de entrada livre e respeitando as regras
sanitárias impostas pela actual situação pandémica, decorre no Solar dos
Peixotos até 4 de Dezembro.
Inauguração da exposição "Coisas do Ephemera"
Pacheco Pereira: "Agradeço a Diamantino Santos, Presidenta da Junta de
Freguesia de Viseu, toda a disponibilidade e apoio que teve para a realização
da exposição no Solar dos Peixotos, sede da Junta, como pela excepcional
hospitalidade que teve com os vários elementos
do Ephemera que se deslocaram de Lisboa e do Barreiroo a Viseu."
O café/bar Faces, no centro de Viseu, é ponto de recolha de material doado ao Ephemera
Numa das noites do Ephemera em Viseu foi lançado, no Museu Nacional Grão Vasco, uma edição do livro Leal Conselheiro, de Dom Duarte, com o texto original e em português contemporâneo, num trabalho do historiador João Manuel Ferreira da Fonseca.
Noutra das noites, foi apresentado na Pousada de Viseu o livro Caro Jó, de Luís Pinheiro de Almeida, voluntário do Ephemera nos núcleos de Viseu e Barreiro.
Os Dias do Ephemera em Viseu foram organizados por Eduardo Pinto, coordenador do Núcleo de voluntários do arquivo na cidade, e por Rita Maltês, da Direcção do Ephemera.
Convívio de voluntários do Ephemera, em Oliveira de Frades. Sentimento de dever cumprido...
Confraternização no vizinho Passal, da família Pinheiro de Almeida
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