30 de Setembro 2014
Estamos constantemente a despedir-nos...
Olhamos para qualquer relógio, e o que o movimento ininterrupto e invisível dos ponteiros nos diz (conta Edgar Reitz no livro do filme Die Andere Heimat) é o que estava escrito por baixo do relógio da torre da igreja da sua infância no Hunsrück, a região da Alemanha onde nasceu. A Inscrição dizia: "Uma destas vai ser tua".
O enigma desfez-se no dia em que o seu avô lho explicou: "O relógio olha para o futuro, e sabe que tudo o que aconteceu no mundo tem a sua hora marcada". Curiosa ideia, esta do tempo que corre, corre, sem que nóso possamos ver correr. O tempo é invisível, como a vida, um seu sinónimo. E o presente, que é a única medida possível do tempo vivido, ninguém o pode agarrar: no instante em que chega já deixou de ser presente. Cada instante é uma prestação paga à morte - morte a crédito, como também a viu Céline.
João Barrento, in Como um Hiato na Respiração - diário do dia seguinte
terça-feira, 3 de maio de 2016
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