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domingo, 27 de maio de 2012

Segurança no sector da Joalharia - os conselhos que dá um "amigo americano"

Por estranho que pareça, e por mais que alguns filmes de Hollywood continuem a dar a imagem contrária, o crime contra joalharias nos Estados Unidos decresceu drasticamente na última década, estando no per capita muito abaixo do que hoje ocorre na Europa, a braços com um aumento exponencial de casos.

O Congresso anual do CIBJO - The World Jewellery Confederation, reunido recentemente em Vicenza, Itália, trouxe um convidado especial do outro lado do Atlântico, para explicar como se conseguiu o sucesso norte-americano. Estação Cronográfica dá-lhe aqui conta do que se recomendou, muito útil numa altura em que Portugal também se debate com o aumento exponencial da criminalidade contra joalharias, ourivesarias e relojarias.


John J. Kennedy, Presidente da Jewelers’ Security Alliance (JSA), nos Estados Unidos, apresentou uma visão geral dos serviços de segurança que a sua organização oferece aos seus membros, e explicou que a taxa de crime nos Estados Unidos contra joalheiros caiu para metade na última década.

Kennedy apresentou estatísticas alarmantes quanto à alta incidência de crimes contra joalharias e ourivesarias na Europa. Embora haja serviços e programas capazes de prevenção do crime contra o sector em solo europeu, eles não têm conseguido ser bem sucedidos em fazer baixar a incidência de crimes, como tem ocorrido nos Estados Unidos.


Kennedy explicou como a sua organização trabalha em estreita colaboração com a Jewelers Mutual, a maior seguradora dos Estados Unidos no ramo do retalho joalheiro. "As seguradoras são o parceiro natural de uma organização como a nossa. Que melhor se pode dizer a uma seguradora do que 'financie-me, vou reduzir os seus prejuízos'? Trata-se de uma situação de parceria win-win para ambos".

Kennedy descreveu as redes que existem nos Estados Unidos e que partilham informação sobre os crimes cometidos e sobre os suspeitos envolvidos. "A nossa organização envia alertas sobre os crimes cometidos, disponibilizando links para os vídeos de segurança que gravaram os incidentes. Pedimos depois aos nossos membros que partilhem isso, e ajudem a identificar, localizar e deter os assaltantes".


Kennedy acrescentou que existem actualmente mais de 60 redes locais nos Estados Unidos que servem joalheiros em regiões específicas. A estratégia da JSA passa por uma ligação muito próxima com as organizações policiais a nível nacional e regional e por incentivar as forças de segurança a terem um interesse particular por crimes no sector joalheiro.

"A nível nacional, conseguimos depois de uma longa e intensa campanha, sensibilizar o FBI e, com isso, temos conseguido excelentes resultados", frisou. "A polícia gosta imenso de formação profissional, especialmente quando é de graça - pois então, nós damos-lhes regularmente formação em termos do que são as especificidades do sector do retalho joalheiro, e isso cria uma melhor compreensão mútua e ligações pessoais que se tornam preciosas".


Fundada em 1883, actualmente com 24 mil membros, a Jewelers’ Security Alliance dedica-se exclusivamente à prevenção do crime na indústria joalheira. "O crime globalizou-se", diz Kennedy. "Um bando assalta hoje em Paris, está ao fim do dia em Amesterdão e, no dia seguinte, em Nova Iorque ou Buenos Aires. E vice-versa. Com as novas leis de segurança saídas do rescaldo do 11 de Setembro, as autoridades passaram a estar mais atentas a esses assaltos - jóias são bens pequenos, relativamente fáceis de passar fronteiras, fáceis de reverter em dinheiro".


E o Presidente da JSA fez notar que os assaltos a joalharias e ourivesarias servem em muitos casos para financiar outros assaltos, outras actividades criminosas. "Convencemos as autoridades, e com resultados, que prender um assaltante de uma ourivesaria é retirar durante muitos anos um criminoso profissional das ruas". As perdas em 2011, nos Estados Unidos, por assaltos a joalharias decresceu de 162,35 milhões de dólares em 2003, para 85,10 milhões em 2011. Houve 32 homicídios relacionados com assaltos a joalharias, contra 11 em 2011. O número de pessoas presas por crimes contra joalharias aumentou 69 por cento desde 2006, passando de 88 para 657. "Temos uma base de dados com crimes contra joalheiros americanos cometidos nos últimos sete anos, que inclui mais de 10 mil crimes e mais de 10 mil suspeitos", revelou. "As forças policiais não têm esses dados, nós é que os fornecemos, quando nos pedem".


"Na Europa, vocês devem seguir esse caminho duro", sentenciou Kennedy, mostrando quadros onde, por exemplo, se constata que houve 113 assaltos em França, em 2007, a ourivesarias, passando a 299 em 2010.


A JSA tem um Manual de Segurança em Joalharia, um DVD de 24 minutos, de treino para as forças policiais ou um panfleto onde se explica como iniciar uma rede local de prevenção contra os assaltos a joalharias. Kennedy disponibilizou todo esse material à CIBJO e aos seus associados (entre os quais Portugal, através da AORP - Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal). Uma boa altura para o sector se mexer, sem ficar só à espera do que possam fazer as autoridades.

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