Eu crescia para o verão.
Para a água
antiquíssima da cal
crescia violento e nu.
Podiam ver-me crescer
rente ao vento,
podiam ver-me em flor,
exasperado e puro.
À beira do silêncio,
eu crescia para o ardor
calcinado dos cardos
e da sede.
Morre-se agora
entre contínuas chuvas,
os lábios só lembrados
de um verão sobre outros lábios.
Eugénio de Andrade (1923 - 2005)
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