Pedra a pedra
a casa vai regressar.
Já nos ombros se sente o ardor
da sua navegação.
Vai regressar
o silêncio com suas harpas.
As harpas com as abelhas.
No verão morre-se
tão devagar à sombra dos ulmeiros!
Direi então:
Um amigo
é o lugar da terra
onde as maçãs brancas são mais doces.
Ou talvez diga:
O outono amadurece nos espelhos.
Já nos meus ombros sinto
a respiração das suas águas.
Não há regresso: tudo é labirinto.
às cigarras que tornam o verão mais claro
prometo as vogais de uma dália de água,
ao silêncio que me espera a cada esquina
ofereço o ramo ardente dos meus olhos.
Eugénio de Andrade (1923 - 2005)
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