A última assembleia-geral da Federação da indústria relojoeira suíça (FH), ocorrida esta semana em Genebra, teve momentos de algum dramatismo, face a uma crise que já provocou cerca de 2.500 despedimentos e dá indícios de poder agravar-se no Verão. Aproveitando a presença da ministra federal da Economia, Doris Leuthard, o CEO da TAG-Heuer, Jean-Christophe Babin, interpelou-a: “A senhora não quer ouvir falar de uma ajuda estatal, mas que se saiba, a Confederação salvou um banco…”, numa alusão à ajuda de emergência dada com dinheiros públicos à falida UBS.
Segundo muitos observadores, são as pequenas e médias empresas, fornecedoras das grandes manufacturas relojoeiras, as que estão a sofrer mais.
O Tribune de Genève falava numa das suas últimas edições de se estar à espera de “um Verão mortífero”. “Passadas as férias relojoeiras, muitos crêem que os casos Franck Muller Watchland ou Zenith poderão reproduzir-se”. Roland Bloch, secretário do conselho de administração do Swatch Group e vice-presidente da Federação relojoeira, recordou ao jornal que o sector já viveu várias crises. “Pessoalmente, testemunhei o afundamento do sector relojoeiro nos anos 70. Mas nunca tínhamos visto uma queda tão abrupta de um ano para o outro, de um mês para o outro”, disse ele ao Tribune de Genève.
O Presidente da FH, Jean-Daniel Pasche, fala das dificuldades nos sub-contratados. “Se a situação actual é efectivamente difícil para as casas relojoeiras, com uma quebra de 25 por cento no volume das exportações, ela é ainda mais aguda no universo dos sub-contratados. Face à importância dos stocks, um abrandamento do mercado vai impor-se, o que passará por uma diminuição da produção, sinónimo de dificuldades crescentes para as pequenas empresas especializadas”.
Segundo o Tribune de Genève, respira-se “a calma antes da tempestade”. Muitas casas relojoeiras vão encerrar para férias nos meses de Julho e Agosto. “O veredicto final sairá em Setembro, se, até lá, as exportações não recuperarem”.
Entretanto, em comunicação interna a todos os colaboradores do grupo, Vartan Sirmakes, dono do grupo Watchland, dizia esta semana que “a marca Franck Muller não pode apoiar mais as outras marcas. Estava a referir-se a ECW, Pierre Kunz, Rodolphe e Alexis Barthelay. O grupo já despediu 252 trabalhadores, mais de metade da sua força de trabalho. Fala-se que a UBS, principal financiador do grupo, terá cortado todo o crédito. Ou que as instalações industriais actualmente em Genthod, perto de Genebra, serão deslocalizadas para o Luxemburgo (onde está a holding proprietária) ou para a Arménia, país de origem de Sirmakes.
A indústria relojoeira suíça tem evitado a todo o custo o despedimento colectivo (a outra excepção foi a Zenith). O que se pretende é manter uma mão-de-obra altamente qualificada, à espera da retoma. Assim, tem-se recorrido muito mais ao lay-off de tempo parcial. A última empresa a anunciar isso foi a Vaucher Manufacture Fleurier, do Grupo Parmigiani Fleurier (Sandoz): vai reduzir o horário a 250 trabalhadores a partir de Agosto, o que dá uma redução de 30 por cento na produção.
Apesar da crise, ou talvez por causa dela, as estratégias de comunicação das marcas continuam a inovar. A Breitling, por exemplo, lançou agora uma campanha para todos os clubes aeronáuticos suíços: dá pintura grátis a um aparelho, desde que ele “vista” as cores da manufactura. Não há limite para o tipo de avião. E poupa-se entre 5 mil e 20 mil francos suíços em pintura. Em troca, além da imagem, o clube terá que colocar à disposição da Breitling o aparelho em questão, para festivais aéreos. Pode ser que algum clube aeronáutico português esteja interessado. Basta contactar a Breitling, pode ser que tenha sorte.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
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