O POETA É UM MOSTRADOR
O poeta é um mostrador. Tal numa ostra
Se esconde como lágrima uma pérola
Cantando, se não é alma o que mostra
E, chorando, uma estrela, acha uma esquírola
De estrela e um hausto íntimo que o prostra:
Último alento de hálito, berilo
Na coroa do Ser com que se arrostra.
Sua voz (frio e fosco) é a pérola.
Mas o poeta ainda é mais que mostrador
Do próprio coração da vida, à flor
Do verbo de raiz no Verbo-Amor:
Porque, do fogo ateador (e foge-o
Então o humano medo), é já relógio
Do tempo eterno, às mãos de Deus, sua dor.
Vitorino Nemésio
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
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2 comentários:
Não consiste a poesia
em mero palavreado,
mas na força que irradia
de cada verso rimado!
JCN
Não consiste a poesia
em mero palavreado,
mas na força que irradia
de cada verso rimado!
JCN
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