Editorial
Uma questão de marca
Ao longo de duas décadas e meia, a marca Anuário tem-se
consolidado. Começou por chamar-se “de relógios, canetas e isqueiros”, deixou
pouco depois os isqueiros, objectos que dominaram grande parte do século XX e
que permitiram mesmo que um conceito moderno de luxo se tivesse baseado de
início neles.
As campanhas antitabágicas, a consciencialização
generalizada dos malefícios do hábito de fumar, a redução a praticamente zero
do espaço público onde é hoje possível puxar de um cigarro e acendê-lo, fizeram
do isqueiro, de objecto irradiando glamour a utensílio banal, visto com olhos
condenatórios ou… raramente visto.
E, no entanto, uma certa onda revivalista parece estar a
formar-se, com algumas marcas de luxo, ligadas aos acessórios, a apostar em
reedições de isqueiros, modelos de produção limitada, apelando a um estatuto de
exclusividade.
O Anuário tem mantido, com uma certa teimosia idealista,
confessamos, espaço para os instrumentos de escrita, apesar de eles também
serem cada vez menos usados, de haver cada vez menos marcas no mercado
nacional, de o investimento de comunicação se resumir praticamente a uma única
marca, que daqui saudamos.
Os mais cínicos e irónicos dirão que, um dia, as gerações
mais velhas usarão a escrita à mão como um código secreto. Nós, enquanto
Anuário, garantimos que vamos continuar a reservar espaço para um objecto que,
não apenas representa utilidade, como traduz forma de estar na vida.
Mas, sem dúvida, o Anuário vai para além de relógios, canetas e isqueiros. De jóias, carros, perfumes e outros objectos de luxo. Tornou-se numa marca. Forte, independente, dinâmica. Que dá importância à História, ao Património, à Ciência e à Cultura. E que serve de plataforma de contacto e iniciativa entre todos os que o procuram. Por ser o Anuário. Simplesmente.
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