Temos de combinar,
um café, um jantar, um cinema,
quem sabe uma tarde cinzenta,
mais o tédio do que a chuva,
uma pensão nos subúrbios
pés descalços por uma alcatifa puída,
lençóis supostamente de seda,
cerveja em vez de vinho
porque o vinho demasiado mau,
um chocolate para dois,
dois cafés, dois cigarros,
saída em carros separados.
Temos de combinar,
já servimos um ao outro de consolo,
já soprámos as velas do bolo
e bebemos champanhe
e cantámos canções.
Temos de combinar
pois a vida é tão breve,
os dias voam,
as rugas magoam,
os iogurtes no frigorífico
ficam fora de prazo
e não se podem colher.
“Subúrbios de Veneza” Raquel Serejo Martins
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