Habitar o tempo
Para não matar seu tempo, imaginou:
vivê-lo enquanto ele ocorre, ao vivo;
no instante finíssimo em que ocorre,
em ponta de agulha e porém acessível;
viver seu tempo: para o que ir viver
num deserto literal ou de alpendres;
em ermos que não distraiam de viver
a agulha de um só instante, plenamente.
João Cabral de Melo Neto, in A educação pela pedra (1962-1965)
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