[...] É impossível parar a erosão. Há séculos suficientes para gastar a memória de tudo o que nos rodeia. Aquilo que aqui está, à frente do horizonte, parece tudo o que existe; podemos até chegar a acreditar que é o próprio horizonte, mas virá o tempo, já aqui está.
Não faz sentido acreditar que o esquecimento retira valor a estarmos aqui. Não deixamos de ter existido por sermos esquecidos. Fomos antecedidos por milhões de pessoas que, aparentemente, toda a gente esqueceu: pessoas tão reais como nós, feitas de uma consciência tão real como esta, rodeadas por uma realidade tão concreta como estar aqui.
Existe um tempo que é só nosso: o meu tempo, o teu tempo. É individual, único e está a contar neste preciso momento. A forma como o medimos, modifica-o porque transforma a perceção que temos dele. À luz dos dias que se sucedem, as horas passam demasiado depressa, tentamos agarrá-las e fogem-nos sempre. Mas segundo as formações rochosas da Capadócia, segundo o tamanho do universo, somos um pequeno brilho, um reflexo de um reflexo, um eco de um eco. E essa verdade, se a soubermos aproveitar, dá-nos paz.
José Luís Peixoto
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Cada pessoa que existe
o seu tempo tem de vida
que num par de anos consiste
para logo de seguida
ingressar na eternidade,
reservada à humanidade!
JCN
Enviar um comentário