A paisagem da Capadócia parece convidar a pensamentos profundos. A economia de elementos conduz à economia de temas: vida, morte, tempo. Há toda a distância e todo o silêncio. Há a certeza de que nos encontramos diante de um horizonte maior, que existia antes de nós e que continuará muito depois de já não estarmos aqui. O olhar regista aquela terra, aqueles montes de rocha arenosa, até onde é capaz. Para além dessa medida, fica a sensação de que a Capadócia continua até ao infinito. Os olhos não alcançam o infinito, isso sempre soubemos.
É nessa paisagem que existem as chaminés de fadas, nome dado a grandes formações rochosas, normalmente cilindros ou cones, moldados pelo vento e pelo tempo. No topo, têm sempre um bloco de rocha mais rígido que protege e, ao mesmo tempo, expõe à intempérie. As formas, sempre arredondadas variam consoante as diferentes camadas de solo, mais ou menos resistentes. Por sua vez, a composição do solo depende do passado vulcânico da região. Ou seja, essas formas revelam um tempo de séculos e milénios. São relógios da natureza.
José Luís Peixoto
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
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1 comentário:
Marca o tempo em cada rua,
cada terreno ou paisagem
sinais da sua passagem,
dependendo a sua imagem
das condições em que actua!
JCN
s
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