Terão sido os romanos a introduzir os relógios de sol no território que é hoje Portugal, mas já desde a época do Bronze tardio, há 5 mil anos, que houve aqui alinhamentos megalíticos, especialmente orientados, que projectavam sombras e que chegaram até aos nossos dias, os cromeleques, assinalando alturas máximas e mínimas do Sol no seu movimento aparente ao longo do ano.
Dizia Miguel Torga que o Alentejo lhe fazia lembrar um imenso relógio de sol, onde o Homem faz de ponteiro do Tempo.
Portugal, que é campeão em horas solares em toda a Europa, tem um vasto património de medidores do tempo através da sombra da luz solar, espalhados de norte a sul – alguns já desapareceram, outros foram vandalizados, muitos são ignorados.
Mas o interesse por este património tem crescido nos últimos anos. Os relógios de sol voltam a reaparecer em lugar de destaque em espaços e edifícios públicos e privados, já não tanto pela sua função de marcador do Tempo, mas antes pela poesia perene que traduzem, no seu diálogo directo com os ciclos da Natureza, e pelas formas belas e inovadoras que continuam a apresentar.
Os CTT editaram em 2005 “Relógios de Sol”, o primeiro e único livro sobre património gnomónico que se publicou até hoje no país (Gnomónica é a ciência que estuda os relógios de sol, que ostentam um gnómon, palavra grega que significa apontar e que é o estilete que projecta a sombra num quadrante ou mostrador). Da autoria dos Professores Suzana Metello de Nápoles e Nuno Crato, e de Fernando Correia de Oliveira, com fotografia de Jorge Correia Santos, nele se mostram dezenas de exemplares destes medidores do tempo e se dá conta da sua evolução científica, técnica e histórica.
A gnomónica é uma excelente maneira de ensinar matemática, desde idades muito precoces. Há anos que existe o projecto “Matemática em Acção”, do Centro de Matemática e Aplicações Fundamentais da Universidade de Lisboa, com o apoio da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e da Sociedade Portuguesa de Matemática, SPM.
Este projecto tem levado a cabo exposições itinerantes, subordinadas ao título “As Sombras do Tempo”, e onde se explicam os princípios básicos da gnomónica, a sua evolução enquanto ciência e técnica, se ensina a construir relógios de sol e se mostram alguns exemplares.
Relógios de sol – a harmonia perfeita entre Ciência e Natureza.
*Adaptado de A Máquina do Tempo, publicada no Casual, suplemento do Semanário Económico de 13/07/07
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