in Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro para 1868, acervo do Arquivo Ephemera, no seu Núcleo do Tempo. "A caudata" ou "a rabuda", assim ficou conhecida Beatriz ou Brites de Castela (Toro, 8 de março de 1293 - Lisboa, 25 de outubro de 1359) infanta do Reino de Castela e Leão e rainha de Portugal entre 1325 e 1357. Mãe de D. Dinis.
Ao abordar a morte de D. Brites, Frei Francisco Brandão, em Monarquia Lusitana, observa ter sido ela a primeira “que em Portugal introduziu as cotas de rabo, ou caudatas, vestidura de que usaram até o tempo dos nossos pais as maiores Princesas & Senhoras; & como na frugalidade do nosso Portugal naquela idade se estranhou o traje por não costumado, deram titulo de rabuda à introdutora dele”.
No Volume 8 da Biblioteca Familiar e Recreativa Oferecida à Mocidade de Portugal, de 1841, fala-se também da personagem: “Geralmente se divulgou neste reino que a Rainha D. Brites, Castelhana, e mãe d’El Rei D. Dinis nascera com rabo. Não correu esta opinião só em gente popular; entre os Reis descendentes desta Rainha corria a prática.
“El Rei D. Sebastião, que no 1º de Agosto de 1569 mandou abrir todas as sepulturas que estavam no mosteiro de Alcobaça, excepto as de D. Pedro e D. Inês de Castro, com particular curiosidade, ordenou se fizesse diligência e exame na Rainha D. Brites, a fim de se averiguar aquela suspeita.
"A este acto se achou presente frei Afonso de Fala, e na sua história, que estão escrevia, deixou memória do caso nestas palavras:
‘Eu a vi na Era de 1569, o 1º dia de Agosto, e jaz inteira como aquela hora que ali a sepultaram; jaz mirrada, segundo parece; a roupa, com que foi sepultada, está como aquele dia, que ali a puseram… Alguns dizem que ela tinha um rabo, e que vinha por parte da mãe, de uma casta que em Castela nasciam com rabos. Dizem que S. Bernardo lhe tirou esse rabo, e mostram um manto, que ele lhe deu por isso. O manto eu o vi, mas se foi dado por isso, ou não, não o acho escrito, nem menos que ela tivesse rabo, mais que afirmarem-me pessoas lidas nestas histórias, que o leram, e que se chamava a Rainha rabuda: ao menos ela agora não tem sinal disto, porque não faltou fazer sobre isso diligências para saber a verdade do caso.’"
Beatriz de Castela, Ilustração de António de Holanda
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