Lido no Jornal Hardmusica:
A exposição irá desdobrar-se em mil, apresentando-se nas 308 autarquias do país, em bibliotecas municipais, estabelecimentos prisionais e do ensino superior, leitorados de português e centros culturais no estrangeiro.
A exposição é composta por dez cartazes ilustrados por autores contemporâneos - João Vaz de Carvalho, Afonso Cruz, Bernardo Carvalho, Marta Torrão, Teresa Lima, Rachel-Caiano, Jorge Miguel, Carla Nazareth, Gémeo Luís e Alex Gozblau – a partir de textos de escritores que refletem a proclamação republicana.
A ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, referiu ser esta “a fórmula de sucesso para transmitir a mensagem aos mais novos através da atracção da imagem”.
“Um cruzamento entre a criação e a estética”, acrescentou a ministra que referiu “a sábia escolha dos textos”, da responsabilidade das historiadoras Helena Buescu e Fernanda Rollo.
Guerra Junqueiro, Aquilino Ribeiro, José Rodrigues Miguéis, Abel Botelho, Tomás da Fonseca, Manuel Laranjeira, Virgínia de Castro e Almeida, Ana de Castro Osório, Almada Negreiros, Jaime Cortesão, Raul Brandão, foram alguns dos autores escolhidos, além de textos das revistas Águia, Orpheu e Seara Nova.
A exposição percorre desde o ultimato inglês a Portugal, em 1890, até à década de 1920. É de Gémeo Luís a ilustração de um excerto das “Memórias” de Raul Brandão em que este sublinha que, na galeria do teatro S. Luiz, “é com uma certa satisfação que a gente vê [os] apeados dos seis pedestais”, referindo-se aos outrora poderosos nos tempos da Monarquia liberal.
Os textos das revistas Águia, Orpheu e Seara Nova inspiraram a ilustração de Alex Gozblau que procura dar um rosto à República, seguindo o ideal do grupo filosófico Renascença Portuguesa: “E então um novo Portugal, mas português, surgirá à luz do dia, e a civilização sentir-se-á mais dilatada”.
A frase proferida por um soldado quando julgado em tribunal pela intentona republicana de 31 de Janeiro de 1891 – “Não sei o que é República, mas não pode deixar de ser uma cousa santa” – abre a exposição, seguindo-se o cartaz de autoria de João Vaz de Carvalho inspirado no poema de Guerra Junqueiro “O caçador Simão”, uma paródia ao Rei e à realeza.
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