A partir de finais deste século, os geólogos tentaram diversas vias para quantificar as escalas do tempo geológico, ou seja, referi-las a uma cronologia expressa em números e, portanto, com valor absoluto. Entre estas vias, uma única se mostrou eficaz, tendo sido objecto de continuidade e aperfeiçoamento a partir dos anos cinquenta do século XX. É a que, com base no trabalho dos físicos da época, utiliza o comportamento de alguns isótopos radioactivos de elementos químicos constituintes de alguns minerais das rochas, como são o isótopo 40 do potássio (40K), o isótopo 87 do rubídio (87Rb), os isótopos 235 e 238 do urânio (235U e 238U), o isótopo 232 do tório (232Th) e o isótopo 14 do carbono (14C), entre outros. As datações isotópicas têm vindo progressivamente a enquadrar cronologicamente, em termos absolutos, as atrás citadas escalas estratigráficas, integrando-as numa outra conhecida por escala cronostratigráfica, expressa em milhões de anos. Constantemente actualizada e aperfeiçoada, na medida em que, por todo o mundo, se vão sucedendo as observações no terreno e as determinações de idade isotópica, a escala cronostratigráfica baseia-se na seriação temporal dos principais acontecimentos ocorridos na Terra, desde a sua origem, como planeta diferenciado, até aos tempos recentes. Não obstante os progressos científicos e tecnológicos no que respeita aos equipamentos laboratoriais, este calendário geológico deve continuar a ser tido como uma aproximação em constante melhoramento.
Professor António Galopim de Carvalho
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