Nem que seja por simples curiosidade, impõe-se-nos refletir nas razões que subjazem aos calendários, como construtos de sentido, para escolha das várias datas. Porquê esta data e não outra?!
As respostas nem sempre são encontradas nos espaços do raciocínio lógico, pelo menos, os de dado momento.
Temos, neste caso, a problematização que São Martinho de Dume (Bispo de Braga, entre 556 e 579, e a quem se deve a renúncia dos nomes latinos pagãos dos dias da semana e a adopção da forma que hoje usamos), numa carta – De correctione rusticorum – ao Bispo Polémio de Astorga (568-585?) faz acerca da adopção, segundo ele errada, de Janeiro como princípio do novo ano.
Diz ele: "De igual modo, um outro embuste se intrometeu em homens ignorantes dos campos para pensarem que o início do ano são as calendas de Janeiro, o que é uma falsidade total e completa. Na verdade, segundo diz a Escritura santa, o início do primeiro ano ocorreu a oito das calendas de Abril no equinócio. Assim, com efeito, se lê: e fez Deus a divisão entre a luz e as trevas. Ora, toda a divisão perfeita pressupõe igualdade, tal como acontece a oito das calendas de Abril em que o dia tem tantas horas como a noite. E por isso é falso que o começo do ano sejam as calendas de Janeiro."
Contribuição de Rui Oliveira
1 comentário:
Excelente e esclarecedor post sobre o tema em epígrafe. Parabéns.
Enviar um comentário