Lisboa, três de Abril. Cheio de sarro,
Roto o vestido, hirsutos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos,
Envolto em homem gira um certo escarro.
Reger das Musas o soberbo carro
Quis, mas porém frustraram-se os desvelos.
Morde no chão, arranha-se de zelos
A frágil criaturinha, que é de barro.
Do áureo coche as rédeas prateadas
Larga, atrevido! Põe-te na traseira,
Segue de teus avós, segue, as pisadas.
A Gazeta até aqui vai verdadeira,
Ficam quatro folhinhas reservadas
Que prometo mandar-te na primeira.
Basílio da Gama (soneto dirigido a Correia Garção, no âmbito da chamada Guerra dos Poetas, entre membros da Arcadia e o Grupo da Ribeira das Naus)
terça-feira, 3 de abril de 2012
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1 comentário:
O verso fere mais fundo
do que um punhal afiado:
o seu golper é mais profundo,
seja de frente ou de lado!
JCN
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