António Tavares d'Almeida - funeral

O funeral de António Carlos Cortez Tavares de Almeida, fundador do Museu do Relógio, em Serpa, realizou-se hoje de manhã naquela cidade do Baixo Alentejo. Missa de corpo presente, na capela do Convento do Mosteirinho, onde está instalado o museu e residência da família, seguindo-se cortejo fúnebre até Elvas, onde o seu corpo foi cremado.

Como Estação Cronográfica aqui frisou, António Tavares d'Almeida (21 de Julho de 1948 / 24 de Janeiro de 2012) é uma figura incontornável na história da relojoaria em Portugal nos século XX e XXI. À sua actividade de cerealicultor, ele juntou quatro décadas de dedicação ao coleccionismo, à fundação do museu, à edição de séries especiais e limitadas de relógios, à animação de tertúlias relacionadas com as máquinas do tempo.

Estação Cronográfica acompanhou de perto essa actividade de António Tavares d'Almeida e teve o privilégio de ser seu amigo. Para o futuro, fica a obra. Na memória ficam-nos os momentos em redor de belos exemplares mecânicos de relojoaria, a par de boa comida e bebida do Alentejo.

As Armas dos Tavares de Almeida, na capela do Convento do Mosteirinho

O funeral saiu da capela, no casco histórico de Serpa, e seguiu para Elvas, onde o corpo de António Tavares de Almeida foi cremado

Um dos primeiros prospectos do Museu do Relógio de Serpa

Entrada no livro Relógios e Relojoeiros - Quem É Quem no Tempo em Portugal (2006, Âncora)

MUSEU DO RELÓGIO
Único do seu género no país. O Museu do Relógio, em Serpa, instalado no Convento do Mosteirinho, monumento datado do século XVI, abriu as suas portas ao público em 1995, mas a colecção particular que lhe deu origem, da iniciativa de António Tavares de Almeida, vem desde 1972. Com cerca de 1.700 peças, que vão desde o século XVI aos nossos dias, o museu tem exemplares de bolso e de pulso de manufacturas clássicas, como a Vacheron Constantin, a Patek Philippe, a Cartier ou a Jaeger-LeCoultre, uma grande colecção de relógios de sala da marca portuguesa A Boa Reguladora (ver) e relógios de pulso contemporâneos, ilustrando a alta relojoaria actual, com peças A. Lange & Sohne, Cartier, IWC, Ulysse Nardin, Panerai, Zenith, Piaget, Audemars Piguet, Breitling ou Frank Muller. Presta também assistência e restauro relojoeiros.

Ao longo da sua existência, o Museu do Relógio atraiu a Serpa dezenas de milhares de visitantes, tornando-se num importante pólo de atracção turística e cultural naquela zona da Margem Esquerda do Guadiana.

O Professor José Hermano Saraiva, aquando da visita ao museu, ladeado de Eugénio e Atónio Tavares d'Almeida

Passeando pelas estreitas ruas de Serpa, com o casal Hermano Saraiva

No Casino Estoril, aquando do lançamento de um relógio especial alusivo ao Estoril. Ao centro, Mário Assis Ferreira, Presidente da Estoril-Sol

O mestre relojoeiro Martin Braun, amigo do museu (fez o calibre do relógio Museu Turbilhão), este Verão, numa visita

Os Tavares d'Almeida ladeando José Carlos Saldanha, um dos maiores coleccionadores mundiais de Omega e vencedor de um concurso realizado em 2011 pelo museu

Da última vez que Estação Cronográfica falou com António Tavares d'Almeida foi a 15 de Dezembro de 2011, quando um dos seus sonhos se tornou realidade - a inauguração de uma extensão do Museu, em Évora, nas instalações do INATEL. Embora visivelmente enfraquecido, um olhar sempre optimista e grande força de vontade não faziam adivinhar desfecho tão súbito.

Descerramento da placa do pólo de Évora do Museu do Relógio. À esquerda, Vítor Ramalho, Presidente do INATEL.

À família Tavares d'Almeida, Estação Cronográfica volta a reiterar solidariedade e pesar. A Eugénio Tavares d'Almeida, desde há anos o responsável executivo do Museu do Relógio, deixamos aqui um incentivo em hora de abatimento. A obra do pai tem de continuar. O Tempo não pára e os Relógios não podem parar...