Estação Cronográfica esteve por estes dias na região do Alto Reno, mais precisamente em Schaffhausen, na Suíça alemã, e sede da manufactura relojoeira International Watch Company (IWC Schaffhausen).
O grande objectivo era falar, mais uma vez, com o mestre relojoeiro Kurt Klaus, uma lenda viva no sector. Apelidado de "Einstein de Schaffhausen", ele inventou em 1985 um histórico calibre - o calendário perpétuo que equipou então um modelo Da Vinci da IWC. Numa altura em que os relógios de quartzo pareciam ir acabar com os mecânicos, esse relógio tornou-se icónico e uma espécie de ponto de partida para a recuperação da relojoaria mecânica que se iria seguir.
Tendo trabalhado mais de meio século na manufactura, Kurt Klaus dirigiu em 2000 o desenvolvimento do novo calibre automático da IWC, o 5000. Em 2007, a IWC produziu uma edição limitada do Da Vinci Calendário Perpétuo, a que chamou Kurt Klaus e que tem no fundo da caixa a efígie do mestre relojoeiro (uma homenagem merecida, mas inédita, já que não há outros exemplos de relojoeiros vivos com a cara gravada num relógio... "Eu nem fiquei muito satisfeito com isso, disse a George Kern [CEO da IWC] que este tipo de distinções eram para pessoas já falecidas, e eu queria ainda viver mais um anos...", diz-nos mestre Klaus.
Hoje, Kurt Klaus está reformado da IWC, mas continua a actuar como embaixador itinerante da marca (esteve há uns anos em Lisboa, para dirigir um curso de iniciação à relojoaria) e a receber delegações que visitam a manufactura, em Schaffhausen.
Estação Cronográfica dará aqui, mais tarde, conta da entrevista que conduziu com Kurt Klaus, bem como com outros quadros da IWC.
Estação Cronográfica ficou instalada na Alemanha, num antigo moinho, à beira do Reno, transformado em estalagem. Dias de sol e calor fazem com que suíços e alemães (a zona é de fronteira) aproveitem para fazer praia, navegar ou nadar.
Visitámos mais uma vez o museu da IWC, um espaço interactivo e multimédia onde a história da marca está bem documentada, desde a sua fundação, em 1868, por um americano, Florentine Ariosto Jones.
Estar em Schaffhausen e não ir às Quedas do Reno é como estar em Roma e não ver o Papa... Estas são as maiores quedas de água da Europa, com os seus 150 metros de largura e 23 de altura.
As cascatas terão entre 14 e 17 mil anos de idade e debitam 600 m3 por segundo no Verão e 250 m3 por segundo no Inverno. No meio das castatas, um monumento em ferro, assinalando a data em que se podia chegar até ali, a pé devido à falta de caudal (1880) e ao facto de elas terem congelado (1963).
De regresso à IWC, um curso de meio dia de iniciação à Relojoaria, desmontando e montando um calibre (à excepção do seu orgão regulador).
Depois, uma visita à Escola de Relojoaria da IWC. O curso é de quatro anos e todos os anos abre para quatro candidatos. Assim, 16 alunos estão habitualmente a frequentar a escola, que depois vai abastecer as necessidades da manufactura.
Relojoeiro é uma profissão escassa no mundo e também na Suíça. O salário inicial ronda os 4 mil francos suíços.
No fim da visita, uma foto para recordar. Estação Cronográfica teve desta vez a companhia de Beatriz Roldán (jornalista freelance, Espanha), Andrea Schellmoser (IWC América Latina e Caraíbas), Maria Alcocer Medina Mora (Architectural Digest México) e Ernesto Moncada (Elle México)
Antes da partida, um último almoço junto ao Reno, na vila histórica de Stein am Rhein, cujo padroeiro é São Jorge.
E onde um anónimo gato ficou representado para a eternidade...
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