Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

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sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Meditações - De lá se ensinará os nossos relojoeiros a saber o que são relógios

A consciência europeia que nestas páginas se pretendia constatar tem que ver com o tempo e com o espaço, isto é com a Nação. Uma nação é um espaço que o tempo verifica, tem uma geografia particular e tem que ter um entendimento da sua situação, no tempo geral. Uma nação que não exista no tempo. É um contrasenso (sic).
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Gente sem tempo, como havemos nós de ter idade? O tempo meteorológico, pautado pelo boletim diário da Emissora Nacional, nos tem espreitado oficialmente. Outro, porém, que não esse, das couves e das constipações, nos espreita sempre, queiramo-lo ou não, iludamo-lo ou não, ignoremo-lo ou não. E esse, o tempo que os outros vão sabendo, na filosofia, na arte, na literatura, na música, na arquitectura, no teatro, no cinema, livremente inventados e manifestados, - esse não perdoa. Não é por fecharmos os olhos diante dos espelhos, que a nossa imagem lá se apaga, nem por as avestruzes esconderem a cabeça na areia que o perigo deixa de existir.
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Se o próprio relógio não satisfaz a necessidade do tempo europeu que alguém sinta, consulte-se outra máquina e vá-se à Europa consultá-la. De lá se ensinará os nossos relojoeiros a saber o que são relógios. E então, consultando os próprios, formados bastantes, se passará a conhecer as horas alheias e comuns.

José-Augusto França - Post-facio a toda a obra ou “de par ma chandelle verte” in Pentacórnio, Dezembro de 1956

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