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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Relógios & Canetas online Janeiro - editorial - como salvar o luxo?


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Editorial

Como salvar o luxo?

Fernando Correia de Oliveira

Quando, no domingo, 19 de Janeiro, num barco ancorado no Quai du Mont-Blanc, jantarmos com os Presidentes e CEOs das 16 marcas presentes na 24ª edição do Salão Internacional de Alta Relojoaria (SIHH), eles decerto dirão que, profissionalmente,, 2013 terá sido o melhor ano das suas vidas.

Na verdade, já por essa altura se deverá ter confirmado que a indústria relojoeira suíça bateu, no ano passado, mais um recorde no valor das exportações. Isto quando, desde há bastante tempo, tem vindo a diminuir o número de relógios exportados.

O segmento de alta relojoaria onde se movimentam as 16 marcas presentes no SIHH - A. Lange & Söhne, Audemars Piguet, Baume & Mercier, Cartier, Greubel Forsey, IWC, Jaeger-LeCoultre, Montblanc, Panerai, Parmigiani Fleurier, Piaget, Ralph Luaren, Richard Mille, Roger Dubuis, Vacheron Constantin e Van Cleef & Arpels - em muito tem contribuído para o recorde no valor das exportações, já que, também desde há vários anos, o preço médio dos seus relógios tem vindo a aumentar.

Será que este ambiente de euforia vai continuar, apesar do arrefecimento acentuado das importações por parte da Grande China (continente, Hong Kong, Macau e Taiwan)? O estudo do Credit Suisse que publicamos em primeira mão neste número do Relógios & Canetas online diz que sim, que o mundo ainda não se cansou, ainda não se saturou de relógios suíços.

As fortunas privadas cresceram 7,8 por cento a nível mundial em 2012. O mercado do luxo deverá crescer de 4 a 6 por cento em 2015, um ritmo claramente superior ao do crescimento do produto interno bruto mundial. A continuação do crescimento das classes altas na China (actualmente representando um quarto do mercado do luxo), mas também na Índia e no Brasil, e a consolidação do mercado norte-americano (ainda o nº 1 no mundo) deverão contribuir para que isso aconteça.

Numa altura em que o comércio online aumenta ao ritmo de 25 por cento ao ano, e em que a massificação do luxo parece querer ameaçar a noção do próprio luxo, as marcas mais prudentes e os observadores mais atentos começam a pensar sobre o tema - como preservar o luxo, como será o luxo do futuro?

Ora, segundo alguns, entre os quais nos encontramos, a preservação do luxo passará pela utilização e preservação dos chamados métiers d'art, um património que na sua vertente europeia está em risco de desaparecer.

Algumas marcas de luxo têm feito tudo para preservar esse savoir faire adquirido ao longo de séculos, cimentado em técnicas muitas vezes empíricas, transmitidas oralmente e por observação ao longo de gerações.

Na relojoaria, seja através da esmaltagem, da gravação, da cravação, do desenho em miniatura, da maqueterie ou de outros métiers d'art, a utilização dessas técnicas, que exigem horas de trabalho manual, que são feitas por cada vez menos gente, resulta sempre em peças verdadeiramente únicas, porque irrepetíveis. Se, a esse exterior artístico, se juntar um interior com o estado da arte em termos de micromecânica, teremos então o verdadeiro luxo. Que não se compadece com o ritmo das encomendas - não é mecanizável, precisa de tempo para ser feito.

E, assim, seria o regresso do luxo, tal como o entendemos - objectos excepcionais, feitos por gente excepcional.

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