O relógio que está lá para trás, na casa deserta, porque todos dormem, deixa cair lentamente o quádruplo som claro das quatro horas de quando é noite. Não dormi ainda, nem espero dormir. Sem que nada me detenha a atenção, e assim não durma, ou me pese no corpo, e por isso não sossegue, jazo na sombra, que o luar vago dos candeeiros da rua torna ainda mais desacompanhada, o silêncio amortecido do meu corpo estranho.
Bernardo Soares / Fernando Pessoa (1888 - 1935), in Livro do Desassossego
sábado, 26 de março de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário