Insónia
Já sobre o coche de ébano estrelado
Deu meio giro a noite escura e feia;
Que profundo silêncio me rodeia
Neste deserto bosque, à luz vedado!
Jaz entre as folhas Zéfiro abafado,
O Tejo adormeceu na lisa areia;
Nem o mavioso rouxinol gorjeia,
Nem pia o mocho, às trevas costumado.
Só eu velo, só eu, pedindo à sorte
Que o fio, com que está minha alma presa
À vil matéria lânguida, me corte.
Consola-me este horror, esta tristeza;
Porque a meus olhos se afigura a morte
No silêncio total da natureza.
Manuel Maria Barbosa du Bocage
quinta-feira, 8 de maio de 2014
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1 comentário:
O meu lugar
Na quadra ninguém me vence
nem tão-pouco no soneto:
eis aqui, branco no preto,
o lugar que me pertence,
não me custando, porém,
abrir duas excepções
para Bocage e Camões,
ante os quais não sou ninguém.
Mesmo assim na quantidade
acima deles estou,
apesar da minha idade.
Já não têm conta os poemas
que minha mente engendrou
sobre os mais diversos temas!
João de Castro Nunes
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