terça-feira, 31 de julho de 2018
Relógios & Canetas online de Agosto - Editorial - Pegada digital
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Editorial
Pegada digital
Até há bem pouco tempo, Luxo era sinónimo de exclusividade. Essa definição tradicional morreu quando entraram em cena figuras como os “influenciadores”.
Quanto mais vistos os apontamentos que estes fazem no mundo digital, mais fortalecem o seu estatuto de influenciador, mais as marcas investem neles – em eventos, viagens, oferta de produtos, pagamento dessas referências. Com isso, as marcas esperam aumentar as vendas, mas, na maioria dos casos, apenas tornam “banal” a marca e a imagem dela, a circular por milhões sem poder de compra nem sequer, na maior parte das vezes, gosto e conhecimento aspiracional. Esta massificação é o contrário do que, desde sempre, Luxo significou.
A juntar a tudo isto, a desmaterialização dos pontos de venda, com as marcas ditas de luxo a não resistirem ao apelo do online e às lojas virtuais.
O retalho, tal como hoje o conhecemos, vai desaparecer. Poderá surgir outra forma de interface entre o produtor e o consumidor final, mas as lojas físicas que existem serão dentro em pouco obsoletas.
Queimando esta etapa na distribuição, as marcas de luxo poderão aumentar as margens de luco e… baixar os preços ao consumidor, alastrando ainda mais a sensação de banalidade.
Como consumidores – e como cidadãos – nunca fomos tão vigiados (Megadata e Algorítimo, as palavras mágicas e, ao mesmo tempo, malditas). Alvos cada vez mais fáceis, chega-nos a toda a hora publicidade pessoalmente dirigida, baseada no rasto que deixamos nas redes sociais, nas aplicações que usamos, na localização que desenhamos no GPS. A vulgarização dos objectos conectados apenas intensificará esse efeito.
Será que o futuro do sector do Luxo vai ser semelhante ao da Música, dos Filmes ou dos Transportes, já hoje devorados pela tecnologia e pelo digital?
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