O nosso feriado e festa têm a sua raiz no latim feria e (dies) festus (dia festivo). Os dois termos têm a ver com a interrupção das actividades quotidianas e profanas, para entregar--se às festividades em honra do deus. O tempo estruturava-se à volta das festas religiosas, que ritmavam o calendário, com a distinção do tempo sagrado e do tempo profano. Ninguém aprofundou melhor esta questão do que Mircea Eliade: a festa faz mergulhar no tempo sagrado, reactualizando o tempo originário e fundante e, assim, regenerando e dando sentido ao tempo quotidiano.
É certo que hoje, por causa da secularização e do ritmo do trabalho, com excepção das pessoas muito religiosas ou ligadas à política, se esqueceu o sentido dos dias feriados, religiosos ou civis, de tal modo que o tempo aparece, assim, homogeneizado ou então a festa não ultrapassa a simples celebração do aniversário, do final do curso... ou a suspensão do trabalho para ter tempo livre, relaxar, dormir, estar com a família e os amigos.
Anselmo Borges
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