Às poesias que se fizeram a uma queimadura da mão de uma senhora
Ó mão não de cristal, não mão nevada,
Mão de relógio sim, pois que pudeste
Nesta mísera terra em que naceste
Fazer dar tanta infinda badalada.
Que mão de almofariz enxovalhada
Foi tal, como tu foste, ó mão celeste,
Pois foste, quando mais resplandeceste,
Em tantas de papel tão mal louvada.
Nem de Cévola a mão negra e grosseira,
Queimada entre morrões publicamente,
Merecia tão míseras poesias.
Mas louvo-as de subtis em grã maneira,
Pois que para apagar a flama ardente
Se fizeram de indústria assi mo frias.
D. Tomás de Noronha (?-1651), in Fénix Renascida, V
sábado, 20 de novembro de 2010
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