segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Entrevista com Franco Pianegonda - a jóia deve revelar o teu interior
Franco Pianegonda, criador italiano de joalharia com marca homónima, esteve recentemente em Portugal, como já aqui referimos. Conversámos com ele, sobre a aldeia em que o mundo se transformou, sobre a necessidade que cada um de nós tem de se definir, de se destacar da multidão. E de como uma jóia deve revelar a alma de quem a usa.
A marca chamava-se anteriormente Pianegonda. Referes que, nos últimos 4 ou 5 anos, o mundo mudou radicalmente. E que é preciso a mudança, a adaptação, individual e colectiva. Porquê agora Franco Pianegonda?
Quando se fala em mudança e em necessidade de mudança, parece que o que antes se fazia não estava bem. Ora, não é isso. Para 2013, lancei uma nova linha, My Second Skin. Com isso quero dizer que, tanto eu como as outras pessoas, somos os mesmos, mas temos que nos adaptar, reconstruir a nossa maneira de viver. De um momento para o outro, o mundo ficou muito mais pequeno. O meu avô foi trabalhar para a Austália. Para lá chegar, levou dois meses. Hoje, bastam menos de 24 horas. E nem é preciso ir, muitas vezes basta-nos o Skype... estar online.
Pessoalmente, trabalho hoje para um mercado potencial de 4 mil milhões de consumidores, homens e mulheres.
[Apontando para nós] - Tu, por exemplo. Sigo-te todos os dias no Facebook, no teu blogue. Tens chapéu e barba, és único na imagem que escolhes. E isso não é por acaso. Cada vez mais, as pessoas têm necessidade de encontrar uma personalidade única, muito identificável. O chapéu, a barba, a tua forma de vestir, fazem florescer a tua personalidade. Eu, como pessoa e como empresário, mudei de Pianegonda, o apelido de família, para Franco Pianegonda por esse motivo. É preciso personalizar cada vez mais a nossa marca. E o consumidor quer saber quem eu sou, o que penso, como vivo. Por detrás de uma jóia Franco Pianegonda não está uma equipa de criativos, estou eu.
A Franco Pianegonda tem como lema Arte para um Estilo de Vida de Luxo Natural. O que queres dizer com isso?
A arte é sentir com o coração, antes de tudo. Arte é o prato que a mãe faz, com muito carinho. Não é preciso ser um quadro de Picasso. Se sentires no coração, é arte. O estilo de vida é, cada vez mais, a escolha pessoal - eu escolho, eu faço o que considero justo para mim, todos estamos condicionados, mas queremos estar cada vez menos... Quanto ao luxo natural, é o conceito de algo refinado, elegante, mas sem desviar da Natureza. Uso apenas matérias-primas naturais na minhas jóias.
Tens linhas para criança, masculina e feminina. Explica essa segmentação.
Para criança, não há muito a dizer. São peças que evocam o universo infantil, inspiro-me nos meus filhos. A linha masculina, baptizei-a de Carácter, isso é muito identificativo do tipo de mentalidade que tenho - sou directo, gostam de mim ou não, mas acima de tudo, é preciso honestidade. Quanto à mulher, ela é a verdeira dona da empresa (se não compra, não há Franco Pianegonda). Para elas, tenho duas linhas. Uma, mais dirigida às jovens dos 15/18 até aos 30 anos. Elas querem, nessa idade, explorar, viajar, experimentar tudo, estão na floresta e querem sair dela, descobrir um caminho. É a linha Franco Pi. Já no caso das mulheres com mais de 30 anos, tenho a linha Veritas (verdade, em latim). Essa mulher quer construir, ter uma relação estável, ter filhos, progredir e melhorar no trabalho, luta como um tigre. Vencendo, sente-se completa, feliz. Uma jóia Franco Pianegonda deve fazer florescer o interior de uma pessoa.
Quem é Franco Pianegonda? Um italiano, um cidadãos do mundo?
O meu avô era austríaco, a minha mãe é espanhola, o meu pai italiano. A minha mulher viveu muito tempo em Miami, é venezuelana... Tenho a sorte de ter nascido num dos países mais bonitos do mundo, a Itália, ainda por cima em Paladio, uma terra com tanta carga cultural e artística. Crio para a mulher e o homem globais, cosmopolitas. Sempre com um ponto de vista italiano, mas influenciado pelo que vou vendo por todo o mundo. Estou sempre a viajar, a beber outros pontos de vista, especialmente das mulheres. Gosto muito, muito das mulheres.
As mulheres portuguesas...
As mulheres portuguesas, ai, as mulheres portuguesas... Repara naquela ali, como se move com elegância, parece impaciente, é uma leoa... [tratava-se de uma jornalista, um pouco impaciente já pela espera, para a conversa seguinte com Franco Pianegonda].
Franco Pianegonda, sempre que pode, viaja com os dois filhos, de nove e cinco anos. "Neanche per sogno!", grita a dado passo, várias vezes. "Nem penses, nem penses!" - o mais velho preparava-se para mergulhar debaixo de uma mesa do hotel onde foi feita a apresentação das novidades. O mais pequeno, a dado momento, passou-lhe a mulher, ao telefone, do outro lado do Atlântico, acabada de acordar. Um certo ambiente caótico, mas muito familiar, que Franco adora cultivar.
Vens com frequência a Portugal. Como vês a crise?
A crise não é só vossa. É de todo o sul da Europa, a própria Europa não está lá muito bem. Mas, deixa-me que te diga, vocês não sabem a sorte que têm. E não apenas com as mulheres! A vossa qualidade de vida é enorme. Come-se aqui, bem, por 10 euros, a refeição completa. Passeia-se por Lisboa e a história está por todo o lado. Vocês dizem que está tudo velho, eu digo que está tudo cheio de cultura... não há muitos países assim. É um tesouro que me inspira. Uma maravilha, uma maravilha!
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