Costuma dizer-se que uma imagem vale mais do que mil palavras. Este é, evidentemente, um desses casos. A foto das irmãs Hermès, tirada na casa de família, em 1912, mostra Jacqueline usando um relógio de pulso.
Começa aqui a história da marca com a relojoaria. Cem anos comemorados com um relógio de bolso que é uma homenagem à outra grande tradição da casa – a marroquinaria. Renasce assim o porte-oignon, ou, para os tempos modernos, In The Pocket.
Estação Cronográfica esteve em Brugg, no cantão suíço de Aargau, sede de La Montre Hermès, para o lançamento deste objecto, fruto do diálogo entre savoir-faire tão diferentes mas com tanta coisa em comum – o amor ao pormenor, o legado histórico, a filosofia da estética a facilitar a função.
Todos os anos, a Hermés lança um concurso interno, desafiando os seus empregados a produzirem uma peça de sua autoria. O trabalho vencedor foi, em 2011, um porte-oignon. Daí, partiu-se para a ideia do in The Pocket. Em baixo, as várias fases de produção do porta-cebola, em imagens cedidas pela Hermès.
In The Pocket é um relógio de bolso que se transforma num relógio de pulso sempre que o seu possuidor quiser. Instalado num bracelete de cabedal, é também o epítome da arte da Hermés no tratamento de peles.
A patine do tempo se encarregará de tornar cada vez mais pessoal e belo este “porta-cebola”, um nome pouco elegante mas que era o usado no final do séclo XIX, início do século XX, quando os relógios de bolso começaram a ser adaptados a relógios de pulso através de pulseiras semelhantes.
Jacqueline Hermès, quando criança, não podia usar um relógio pregado ao vestuário ou sequer metido num bolso. Especialmente para ela, o pai desenhou um engenhoso “porte-oignon”, que lhe permitia usá-lo no pulso. Tendo começado como artesão de cabedais para arreios e selas, ele sabia bem como modelar o cabedal. Assim, o relógio não apenas passaria ao pulso como estava protegido, numa mistura de elegância e funcionalidade.
O In The Pocket honra a tradição da casa – a pulseira tem três camadas – uma de couro Barenia; outra de uma pela de vaca, conhecida pela sua resistência; e uma terceira, em pele de vitelo Zermatt, como forro. Tudo isto, cosido à mão, segundo os métodos ancestrais da Hermès. Todo um processo que demora 10 dias a completar.
Em baixo, sequência de imagens que Estação Cronográfica tirou, numa demonstração dos artesãos Hermès, nas várias fases de manufactura do estojo-bracelete do relógio.
Quanto ao relógio, trata-se de uma caixa de 40 mm, em paládio. No interior, tem um calibre automático, fabricado pela Vaucher para a Hermès. Com 50 horas de autonomia, é estanque até 30 metros. Limitado a 24 exemplares, o In The Pocket é de venda exclusiva nas boutiques Hermès e deverá custar cerca de 26 mil euros.
Em cima, algumas das peles de aligator usadas pela Hermès, colocadas sobre uma Barenia
Luc Perramond, CEO de La Montre Hermès, durante a apresentação de in The Pocket. Estação Cronográfica tem uma entrevista com ele, que aqui publicaremos em breve.
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