Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

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sábado, 14 de novembro de 2009

Pista da semana - Relógios de sol na Sé, no Hospital dos Capuchos e em Belém


Relógio de sol em Belém, frente aos Jerónimos, com a âncora a servir de gnómon e a relva de quadrante (anos 60 do séc. XX)

Estado actual do relógio

Os quadrantes solares não portáteis inventariados em Portugal ultrapassam as várias centenas, havendo exemplares a partir do século XIII (para além dos já referidos em pista anteior, do tempo da ocupação romana).

Muitos destes relógios de sol públicos ou semi-públicos estão ao abandono. É o caso da âncora no Jardim de Belém, em frente aos Jerónimos, que tinha um quadrante desenhado na relva, e que foi concebida na altura da Exposição do Mundo Português, em 1940. Hoje, tudo isso desapareceu, desaparecendo a função.

Destacamos ainda, em Lisboa, o relógio de sol que se encontra no Hospital dos Capuchos. Encontra-se num pátio, sobre uma base de alvenaria coberta com azulejos setecentistas e possivelmente não foi esta a sua primeira instalação. Assinado “FPL 1586”, dá-nos o nome do autor e o ano do fabrico. Tem três quadrantes – um horizontal, um vertical, meridional, sem declinação e um equinocial, setentrional.

“Pelas medidas tomadas nos quadrantes, verificou-se que foram bem traçados por pessoa que conhecia a gnomónica”, diz-nos o General Pereira do Vale, que o estudou. Explica o especialista que um quadrante horizontal é iluminado sempre que o sol esteja acima do horizonte, isto é, desde o nascimento até ao ocaso. O quadrante vertical nunca é iluminado mais de 12 horas (solares verdadeiras), máximo tempo que se verifica nos equinócios, a 21 de Março e a 23 de Setembro. O quadrante equinocial setentrional é iluminado apenas no período que decorre de 21 de Março até 23 de Setembro. De 23 de Setembro a 21 de Março, lapso de tempo em que o Sol está no hemisfério Sul, o quadrante não é iluminado.
De qualquer modo, tal como se encontra, rodeado de paredes altas por quase todos os lados, o relógio de sol dos Capuchos está hoje impossibilitado de funcionar. E os azulejos que o ornamentam têm caído ou sido arrancados paulatinamente, pedaço a pedaço, apesar das correntes de protecção que o cercam.

Um terceiro relógio de sol passa despercebido à maioria das pessoas. Está na fachada sul da Sé de Lisboa e serviu durante muitos anos para acertar, por altura do meio-dia solar verdadeiro, o relógio mecânico, na torre sineira. Uma cunha na parede faz com que ele esteja exactamente orientado para sul, permitindo que as marcações das horas no quadrante sejam simétricas em relação ao eixo do meio-dia solar.
As pistas desta semana são, pois três: os exemplares gnomónicos de Belém, Capuchos e Sé.

Para saber mais: História do Tempo em Portugal - Elementos para uma História do Tempo, da Relojoaria e das Mentalidades em Portugal (2003)

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