Noite de inverno sobre terra alheia...
Oh, quem me dera ouvir a voz da Raça!
Só oiço o vento que lá fora anseia,
- um vento que me corta e me repassa!
Na angústia de que trago a alma cheia
faltas-me tu, falta-me a tua graça!
Mas mesmo assim me serves de candeia,
soltando ao longe a flama que esvoaça!
E enquanto o vento se desfaz lá fora
e o lume, triste, dá tristeza à gente,
meus sonhos vão murchando um a um...
Volvo a menino! Oh, quem soubesse agora
cantar-me longa e embaladoramente
a bárbara canção do Mirandum!
António Sardinha, in Quando as Nascentes Despertam
1 comentário:
Ninguém melhor que tu soube cantar,
caro António Sardinha, o alvor da Raça,
mesmo nas suas noites sem luar
em pleno inverno, em horas de desgraça!
JCN
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