sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Os relógios Armin Strom no Relógios & Canetas online
Meditações - Why Do Ticking Watches Give Us Goosebumps?
Why Do Ticking Watches Give Us Goosebumps?
It's the time when darkness takes its hold, and the faintest of sounds can set our hearts racing. Have you ever noticed that sinister feeling when you hear the relentless ticking of a watch in a horror movie? The human brain is wired to pick up irregular sounds. When an everyday, rhythmic sound becomes erratic, it can trigger a sense of unease. This phenomenon and uncover is an effective scare tactic.
obaku denmark
quinta-feira, 30 de outubro de 2025
Faleceu Manuel da Silva Matos, Diretor Criativo e de R&D do Grupo Frederique Constant
A triste notícia acaba de nos ser dada por Yasmina Pedrini, outra amiga que temos no Grupo Frederique Constant, responsável pela relação com a Imprensa.
A manufatura emitiu o seguinte comunicado:
IN MEMORY OF MANUEL DA SILVA MATOS
It is with great sadness that we announce the passing of Manuel Da Silva Matos, Creative & R&D Director at Frederique Constant Group, after a courageous battle with illness.
For more than 17 years, Manuel played a pivotal role in shaping the creative identity of Frederique Constant, Alpina Watches, and Ateliers deMonaco.
His
artistic vision, technical mastery, and unwavering dedication have left an
indelible mark on all three brands.
Through his expertise in horological conception and construction, Manuel also contributed greatly to the development of our Manufacture and complication collections, strengthening the horological know-how and creative excellence of the Group.
His recent creations, including the Classics Manchette, Classics Moneta, and Alpiner Extreme, perfectly illustrate his legacy of innovation, elegance, and craftsmanship, and will remain key references in our product history.
Manuel will be profoundly missed by all who had the privilege of working with him.
Our
thoughts and deepest condolences go to his family.
With gratitude and remembrance,
The
Frederique Constant Group Family
Em baixo, algumas fotos com Manuel da Silva Matos.
Relógios Seiko abrem boutique em Lisboa
Abre brevemente em Lisboa, numa transversal da Avenida da Liberdade, uma boutique da manufatura relojoeira japonesa Seiko.
Os relógios Breitling no Relógios & Canetas online
Meditações - Espera
ESPERA
Horas, horas sem fim,
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.
Eugénio de Andrade
quarta-feira, 29 de outubro de 2025
Boutique jóias Buccellati abre em Lisboa
Abre no início do próximo ano, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, uma Boutique da casa joalheira italiana Buccellati.
Os relógios Wempe no Relógios & Canetas online
Meditações - a vastidão dos tempos cosmológico e geológico
UM MILHÃO DE ANOS, UMA MIGALHA NO TEMPO DA TERRA
No dia-a-dia, o tempo mede-se em horas, minutos e segundos
nos mostradores dos nossos
relógios de pulso. Na História, mede-se em anos, séculos e
milénios, usando, para tal,
pergaminhos e outros documentos com significado cronológico.
Na Pré-história faz-se outro
tanto com base em objectos vários e fala-se de milhares e,
em muitos casos, de milhões de
anos.
A escala do tempo dilata-se ao historiarmos o passado
geológico e ainda mais se recuarmos
aos começos do Sistema Solar e do Universo, onde os milhares
de milhões de anos marcam as
etapas percorridas com uma imprecisão que se esfuma nessa
“eternidade”. Mil milhões de
anos a mais ou a menos nos primórdios da matéria de que
somos feitos representam o mesmo
grau de imprecisão do milhão de anos a mais ou a menos no
tempo dos dinossáurios, do mais
ou menos um ano na história do velho Egipto, ou do mais dia
- menos dia, mais minuto -
menos minuto, no tempo que estamos a viver. No decurso da
nossa existência revemos, sem
dificuldade, o nosso tempo, o dos avós e até o da História,
mas é com esforço que abarcamos
ou evocamos a vastidão do tempo geológico, que só encontra
paralelo na imensidão das
distâncias astronómicas.
Como na História, também a Geologia necessita de documentos
e esses temo-los nas rochas,
quer sejam os fósseis, quer alguns dos seus minerais
contendo isótopos radioactivos. Entre as
variáveis susceptíveis de serem correlacionadas com o tempo,
apenas duas – a evolução
biológica e a desintegração radioactiva natural – têm lugar
de forma irreversível, uma vez que,
qualquer destes dois processos se desenvolve apenas num
sentido. Porque de uma história se
trata, a Geologia tem no tempo um dos seus pilares, sendo aí
encarado sob duas perspectivas
distintas: a de tempo relativo e a de tempo absoluto.
Na perspectiva de tempo relativo procura-se saber se um dado
evento ocorreu antes, depois
ou em simultâneo com outro, isto é, se lhe foi anterior,
posterior ou contemporâneo. De há
muito que as relações geométricas, observáveis no terreno,
entre os diversos corpos rochosos
aflorantes, têm sido utilizadas no estabelecimento da
ordenação cronológica dos
acontecimentos geológicos de que são testemunhos. Uma tal
ordenação é particularmente
evidente nas rochas estratificadas, nas quais os estratos ou
camadas se sucedem numa
imediata sugestão de sequência no tempo. Tal ordenação é a
mesma patenteada numa pilha
de papéis na secretária de um burocrata. A relação entre o
empilhamento dos estratos
rochosos e o curso do tempo chamou a atenção do dinamarquês
Nicolau Steno, no século XVII,
constituindo uma das primeiras ideias fundamentais da
geologia, conhecida por Princípio da
Sobreposição, segundo o qual, numa sequência estratificada
não deformada, qualquer camada
é mais moderna do que as que lhe ficam por baixo e mais
antiga do que as que se lhe
sobrepõem. Evidente à luz dos conhecimentos actuais, este
princípio representa um avanço
notável para a época em que foi enunciado. Nele se
relacionam, pela primeira vez, as rochas
estratificadas com o processo de deposição progressiva dos
sedimentos que as integram, a que
corresponde uma ideia de sucessão no tempo.
Como marcos cronológicos, também os fósseis, escalonados na
cadeia evolutiva da
biodiversidade, nos permitem uma abordagem do tempo
relativo. No que se refere à evolução
biológica, desde há muito que se constatou, através dos
fósseis, que as espécies animais e
vegetais do passado foram surgindo ao longo da história da
Terra, se mantiveram durante
períodos mais ou menos longos, acabando, quase sempre, por
se extinguir, não voltando a
aparecer.
Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o primeiro a reconhecer os
fósseis como testemunhos de
outras vidas em épocas passadas. Até então e mesmo depois
dele, os fósseis eram vistos como
caprichos da natureza. Só no século XVIII se estabeleceu
definitivamente a sua interpretação
como restos de seres vivos do passado.
Os fósseis representam, assim, elos de uma cadeia de
complexidade crescente. Neste
entendimento, e graças ao muito trabalho dos paleontólogos,
sabemos, por exemplo, que as
camadas de rochas sedimentares com fósseis de trilobites são
mais antigas (Paleozóico) do
que as que conservam ossadas de dinossáurios (Mesozóico) e
que estas, por sua vez, são
anteriores às que serviram de jazida aos mamutes ou aos
australopitecos (Cenozóico), nossos
avós. Este raciocínio, aqui exemplificado para grandes
intervalos de tempo, ao nível das eras
geológicas, faz-se correntemente para intervalos mais
curtos, como são os representados
pelos sistemas (períodos), séries (épocas), andares
(idades), subandares e outros ainda mais
reduzidos. O mesmo tipo de conhecimentos habilita-nos a
considerar geologicamente
contemporâneas todas as rochas que, em quaisquer lugares,
contenham os mesmos fósseis.
Aplicável a muitíssimas espécies fósseis conhecidas, estes
raciocínios têm vindo, a partir do
século XIX, a permitir escalonar no tempo o conjunto das
sequências de rochas sedimentares,
onde se encontra o essencial do registo fóssil de toda a
biodiversidade que nos antecedeu. E
também em rochas metamórficas, num grau de intensidade
relativamente baixo
(anquimetamorfismo), como é o das séries paleozóicas de
Norte a Sul de Portugal.
Na outra perspectiva, a do tempo absoluto, passível de
quantificação, o tempo tem o sentido
de duração e, assim, refere o intervalo que medeia dois
acontecimentos ou o que decorreu
entre um deles e o momento presente, isto é, a sua idade.
Uma das vias mais frutuosas na
medição do tempo geológico nasceu com a descoberta da
radioactividade por Henri
Becquerel, em 1896, e ganhou corpo com os trabalhos sobre a
constituição e funcionamento
do núcleo atómico levados a efeito por Marie e Pierre Curie
e muitos outros físicos. Tais
avanços da ciência, com reflexos na medição do tempo, foram
sabiamente aproveitados por
vários investigadores, entre os quais o geólogo inglês
Arthur Holmes, que “só não foi prémio
Nobel porque a Geologia não figura entre as disciplinas
contempladas no respectivo
regulamento”.
Executadas por rotina em muitos laboratórios de todo o
mundo, as determinações de idade
isotópica (baseada no comportamento natural de alguns
isótopos radioactivos) de alguns
minerais permitiram-nos enquadrar, em termos de cronologia
absoluta, as grandes etapas da
história da Terra a da Vida, muitas delas, de há muito
definidas em termos de idade relativa.
Sabemos hoje que o planeta Terra se formou há
aproximadamente 4540 Ma, que os
dinossáurios não avianos (as aves, hoje aceites como
descendentes de um certo grupo de
dinossáurios, são, assim, dinossáurios avianos) fizeram a
sua aparição há cerca de 235 Ma e
que desapareceram, de vez, há 65 Ma. Sabemos que o granito
das Beiras tem à volta de 300 e
que o de Sintra, apenas 85 Ma. E a lista de rochas e de
acontecimentos de que conhecemos a
idade absoluta é imensa e não pára de crescer.
O trabalho monumental empreendido pelos paleontólogos, ao
longo dos séculos XIX e XX,
permitiu, como se disse, um aceitável escalonamento no
tempo, baseado nos fósseis, e o
estabelecimento de eras, períodos, épocas e outras divisões
temporais mais finas.
Posteriormente, mercê dos avanços no conhecimento geológico
e dos progressos da física dos
isótopos e das tecnologias de análise, dispomos hoje de uma
escala cronostratigráfica na qual,
com pormenor sempre melhorado, as divisões temporais,
baseadas nos fósseis, estão
agrupadas em intervalos de tempo de diferentes hierarquias,
cotados por valores numéricos
referidos à unidade de tempo geológico adoptada, isto é, o
milhão de anos, nada menos do
que dez mil séculos, uma enormidade no horizonte temporal
das nossas vidas, mas uma
migalha no tempo da Terra.
Notas:
A maioria das pessoas nunca mentalizou a ideia de milhão,
mas pode fazê-lo nos dois
exemplos abaixo.
(1) Um caminho que nos conduz à referida ideia, é a de
darmos uma badalada por segundo no
sino de uma qualquer igreja. Então, para completarmos 1 000
000 de badaladas, teríamos de
estar permanentemente activos, durante 11 dias, 13 horas, 46
minutos e 40 segundos, sem
comer, nem dormir, nem descansar.
(2) Para, numa balança de precisão, equilibrarmos um grama
de peso, temos de lá colocar 62
grãos de arroz. Uma regra de três simples diz-nos
imediatamente que cem grãos pesam 1,61 g,
que mil grãos pesam à volta de 1,6 kg e que um milhão deles
perfaz cerca de 16 kg. Dito de
outra maneira, precisaríamos de 16 sacos como os que se
vendem no mercado, para guardar 1
000 000 de grãos desse arroz e ainda ficam de fora 100 g
deste cereal.
António Galopim de Carvalho
terça-feira, 28 de outubro de 2025
Boutique relógios A. Lange & Söhne em Lisboa
Abre no início do próximo ano, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, uma boutique A. Lange & Söhne, manufatura alemã de Alta Relojoaria
O júri do Grande Prémio de Relojoaria 2025
Desde 2017 que o Anuário Relógios & Canetas organiza o Grande Prémio de Relojoaria, evento único no país, que distingue as peças mais importantes, em várias categorias, além de premiar personalidades ou instituições que se tenham destacado no setor. Coincidindo com a saída da edição 2026 para as bancas, em Meados de Dezembro, serão conhecidos os galardoados da edição 2025. Esteja atento às plataformas digitais onde o Anuário marca presença.
Este ano, como habitualmente, o júri será presidido por Fernando Correia de Oliveira, Editor-Chefe do Anuário, que apenas tem voto de qualidade, em caso de ocorrerem empates.
Dos anos anteriores, mantêm-se João Santos, António Ponces de Carvalho, Jaime Ferreira Ribeiro, Gregor Zemp e Carlos Torres. E entra Margarida Vaqueiro Lopes, jornalista, Editora-Executiva do Diário de Notícias.
Os relógios Vacheron Constantin no Relógios & Canetas online
Meditações - horas espelho
Horas espelho: o que são e o que significa ver horas iguais?
Todos nós olhamos para o relógio inúmeras vezes durante o
dia. Se você tende a enxergar
horários de mesma hora e minuto, pode ser que o universo
queira lhe dizer algo e você não
saiba. Descubra o que é.
Horas espelho
Encontrar as horas espelho tem que ser fruto do acaso, não
vale a pena colocar alarme para
encontrá-las.
Talvez você nunca tenha ouvido falar disso, mas são aqueles horários (hora e
minutos) que se repetem antes e depois dos dois pontos em um
relógio digital, como: 11:11h,
22:22h ou 08:08h. Devem seu nome ao fato de os dígitos serem
refletidos como se estivessem
em um espelho.
É óbvio que isso acontece 24 vezes por dia, mas talvez você
não soubesse que todas elas
possuem significado e simbologia, desde que você as encontre
por acaso ao olhar o relógio.
Existem várias teorias sobre as
'Horas-espelho'.
Não é algo comprovado pela ciência, mas está intimamente
ligado à numerologia e à
astrologia. Tudo isso se conecta com a ideia de
sincronicidade de Carl Gustav Jung, psiquiatra
suíço do final do século 19. Ele desenvolveu a teoria de que
quando dois ou mais eventos se
desenvolvem simultaneamente não é uma mera coincidência, mas
sim um conjunto de sinais
que condicionam a pessoa a tomar uma decisão ou outra.
A teoria da sincronicidade é a ocorrência simultânea de dois
eventos que aparentemente não
têm ligação entre si, mas que, quando observados por uma
pessoa, os associam e lhes
conferem um determinado significado.
As horas-espelho baseiam-se nesta teoria da sincronicidade,
de modo que se olharmos para o
relógio às 15h15, não foi uma coincidência, mas sim devido a
algo e está recebendo algum tipo
de mensagem.
Cada Hora-espelho tem seu significado e geralmente é
positivo e encorajador
Como dissemos, não tem qualquer base científica, mas sim uma
base esotérica ou espiritual, e
os numerosos estudos sobre o assunto atestam isso. Mas bem,
ao longo dos anos também
foram desenvolvidas diferentes teorias sobre o que cada uma
significa e agora vamos mostrá-
las para você.
A primeira hora-espelho do dia
O horário de 00:00h, o primeiro a aparecer, carrega muita
simbologia em torno do zero,
sempre associado ao eterno, à criação e ao renascimento.
Portanto, representa o começo e o
fim de tudo.
O horário de 01:01h está ligado à vida amorosa e às emoções
Se somarmos os dois dígitos desta hora espelho, o resultado
é dois, que na numerologia
simboliza a união e os laços mais estreitos, além de
geralmente estar associado a novos
começos e novas oportunidades e, sem dúvida, a mudanças.
hora-espelho 12:12h
As horas de espelho nada mais são do que uma mensagem que o
universo e os anjos nos
enviam para nos dizer algo, ou para nos tranquilizar sobre
algo que nos preocupa.
Tenha cuidado se você ver 02:02h: estão escondendo algo de
você!
Não se trata de desconfiar de alguém, mas de prestar mais
atenção em si mesmo, pois pode
ser que alguém esteja escondendo algo de você. Sem dúvida é
um sinal para não perder a
confiança em si mesmo e lutar por aquilo que acredita.
Abaixo mostramos em uma tabela o restante do significado de
todas as horas-espelho:
HORAS-ESPELHO
SIGNIFICADO
03:03 Alguém fala mal de você
04:04 É momento de mudar seus hábitos para melhorar sua
saúde
05:05 Tem um amor muito perto de você; é alguém que você
conhece
06:06 Você é essencial para alguém, mas é hora de reafirmar
seu amor próprio
07:07 É a confirmação dos anjos: o que você almeja se
tornará realidade
08:08 Tenha cuidado e não confie em todos
09:09 Pare de oferecer tanto aos outros e reserve um tempo
para você
10:10 O fim de um ciclo se aproxima e mudanças estão
chegando em sua vida
11:11 Faça uma pausa e reduza o estresse
12:12 É o momento ideal para fazer um desejo
13:13 Os anjos incentivam você a fazer uma mudança para que
seu desejo se torne realidade
14:14 Elimine a frustração e, se você falhou, tente
novamente
15:15 Seu ex-parceiro se lembra de você ou uma grande
história de amor está surgindo
16:16 Elimine pensamentos negativos para seguir em frente
17:17 É hora de se renovar e trazer à tona o seu lado mais
criativo
18:18 É um momento de incerteza no amor, mas siga sua
intuição
19:19 Você precisa meditar e ter um confidente
20:20 Aquela pessoa que você ama também está pensando em
você
21:21 É a hora do sucesso, algo bom acontecerá em breve
22:22 Hoje a ligação virá daquela pessoa especial que você
tanto esperava
23:23 É considerado um lembrete para pensar em si mesmo
Resumindo, deixe que isso sirva para animar o seu dia porque
obviamente isso, no máximo,
pode determinar o seu futuro agora que você sabe. Mas será
algo psicossomático!
Montse Hidalgo. Lido aqui
segunda-feira, 27 de outubro de 2025
"Portugal e o Tempo" levou-nos até ao Podcast de Carlos Fiolhais e David Marçal no PÚBLICO
Estivemos hoje na redação do PÚBLICO em Lisboa, com Carlos Fiolhais e David Marçal, autores do Podcast "Mais lento do que a Luz". Na próxima segunda-feira vamos estar à conversa com eles, em direto. Para falar de Portugal e o Tempo, recentemente editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Os relógios Urwerk no Relógios & Canetas online
Há 80 anos - Hora de Inverno
Breve na primeira página do Diário de Notícias de 27 de Outubro de 1945 e anúncio no interior (arquivo Fernando Correia de Oliveira). Sobre a Hora Legal, ler ainda aqui.
Meditações - Parem já os relógios
Parem já os relógios, corte-se o telefone,
dê-se um bom osso ao cão para que ele não rosne,
emudeçam pianos, com rufos abafados
transportem o caixão, venham enlutados.
Descrevam aviões em círculos no céu
a garatuja de um lamento: Ele Morreu.
no alvo colo das pombas ponham crepes de viúvas,
polícias-sinaleiros tinjam de preto as luvas.
Era-me Norte e Sul, Leste e Oeste, o emprego
dos dias da semana, Domingo de sossego,
meio-dia, meia-noite, era-me voz, canção;
julguei o amor pra sempre: mas não tinha razão.
Não quero agora estrelas: vão todos lá para fora;
enevoe-se a lua e vá-se o sol agora;
esvaziem-se os mares e varra-se a floresta.
Nada mais vale a pena agora do que resta.
W. H.
Auden, Funeral Blues
domingo, 26 de outubro de 2025
Os relógios Ulysse Nardin no Relógios & Canetas online
Meditações - No silêncio do apartamento, tic tac tic tac
Quando a vó morreu, sendo eu a neta mais velha, herdei dela o relógio cuco. Contava a minha
avó que o vô ganhara de seus pais, que por sua vez ganharam
de presente de casamento,
ainda quando viviam na Alemanha, nem se sabe há quanto
tempo!
O cuco já não abre mais a janelinha nem canta mais. Eu não quero ouvir cuco nenhum
cantando nem quero levá-lo para consertar. O que me importa
é que ainda marca as horas
com seu tic tac barulhento, com o qual já me acostumei.
Assim que acordo e abro os olhos
vejo o relógio na parede.
Tic tac tic tac…e lá vou eu correndo, sempre atrasada, sempre com um compromisso urgente,
sempre com algo importante por fazer, pessoas por encontrar,
reuniões, visitas, uma agitação
constante. Telefone que toca, celular que me chama, zap zap
aos montões e lá vou eu para
mais um dia de luta – quanta luta, meu deus!
No entanto, hoje é domingo. Chove muito e o dia cinzento e frio não me deixa sair da cama.
Nenhum compromisso, nenhuma visita, nada. Olho o relógio.
Nove horas e cinco minutos.
Espreguiço-me gostosamente, vou ao banheiro, tomo água, abro a cortina. Poucos carros,
pouca gente, pouco barulho, nenhuma pressa, fecho a cortina
e volto para cama. O cuco
alemão está lá tic tac tic tac.
Não quero ler. Não quero ver filmes na TV. Não quero abrir o computador. Não ando curiosa
para saber quem curtiu o que publiquei. Não me interessa
quem já postou mensagens, fotos,
vídeos, aquela mesma chatice sem fim. Quero um chá. Sim. Uma
caneca bem grande. Com
açúcar mascavo. Chai indiano, com leite. Yes!
Com o chá saindo fumacinha volto para cama. O relógio marca nove horas e quarenta. No
criado-mudo procuro um CD. Uma música bem calma. Relaxante.
Vivaldi. Sim, pode ser. Tenho
inúmeros. Gosto imensamente de violino. Adoro Vivaldi. Nada
de Quatro Estações. Existem
peças maravilhosas. Músicas lindas além da
primavera-verão-outono-inverno! Volto para a
cama quentinha, debaixo do edredom. Ligo o celular…
Que preguiça: dezenas de vídeos, os mais chatos e desimportantes do mundo. Acho que estão
todos no whatsapp. Mensagens, fotos e mais fotos de bom dia,
bom domingo, agradeça a
deus, não peça nada…e eu não peço!
Deixo o celular sobre a mesinha de cabeceira e já são quase dez horas, faltam cinco minutos.
No silêncio do apartamento, tic tac tic tac.
O quentinho da cama, o calorzinho das cobertas, o barulhinho da chuva, Vivaldi bem baixinho.
Ah, que sono me deu! Me enrosco novamente em minha manta
florida e tiro um bom cochilo.
Acordo meia hora depois, com mais preguiça ainda. Até o
Thomas veio se deitar entre as
minhas pernas.
Ele também deve estar desanimado, não posso abrir a janela e ele não pode sair andando por
aí. É um gato muito independente e raramente fica calmo
assim. Pego o Thomas no colo.
Pertinho de mim. Converso com ele. Faço carinho e ele
ronrona feliz.
Levanto e o relógio na parede marca quase meio dia. Tic tac tic tac .Vou novamente ao
banheiro e com o Thomas nos braços vamos, os dois, até a
área de serviço: troco sua areia,
coloco mais ração e encho o seu coxinho com água limpa. Duas
bolinhas de borracha. Fios de
lã. Uma lixa colada no azulejo. Tudo por ele e para ele. É
um sortudo este lorde inglês.
O tic tac se faz ouvir enquanto estou na cozinha. Tenho fome, mas não muita. Também não
tenho muitas opções. Bananas, torradas, mussarela e ovos.
Pronto. Ligo a TV. Eca. Vou
zapeando para cima e para baixo e nada me apetece. Volto
para cama e abro o computador.
Os jornais do dia. Filmes. Facebook.
Pego o livro que estou quase terminando de ler e vou para o sofá da sala. Tic tac tic tac. Uma
hora. Nem abro o livro e começo a admirar o velho relógio.
Olho para ele como se nunca antes
o houvera visto. Há mais de cinco anos ele se encontra no
mesmo lugar, sem que saia o cuco
que anuncia as horas, sem o piado típico do passarinho
cantante mas é um objeto lindo.
Fico pensando no artesão que, em uma única peça de madeira, realizou esta obra utilizando,
quem sabe, as ferramentas mais elementares para formar os
desenhos, desenhar os cachos de
uva, trabalhar a casinha do cuco!
Quantas horas se passaram até que chegasse até a minha vó e depois dela, até a mim! Horas
de aflição, horas de espera, horas felizes; horas muito
lentas e outras que passaram rápido
demais. Quanto tempo, quantas horas; quanta vida, quantas
gerações; em tantas paredes, em
tantas casas, tanta história. Meus antepassados.
Meus antecedentes que sofreram com as penúrias da chegada em um país selvagem onde
tudo estava ainda por fazer. Fui viajando naquela caixinha
de madeira ainda capaz de
hipnotizar-me com seu tic tac melancólico.
Me levantei do sofá. Peguei um paninho e, com carinho extremo, limpei cada cantinho do
relógio. Passei lustra móveis. Coloquei óleo em suas
engrenagens cansadas. Limpei o
passarinho também, só faltei lhe dar alpiste! Voltei o
relógio para o seu lugar de sempre na
parede da sala e suspirando fundo decidi, no dia seguinte,
levá-lo ao relojoeiro no centro da
cidade.
Queria de volta o cuco saindo e cantando a cada hora marcada. Queria de novo o relógio da
vovó, inteiro, na parede da minha sala. E quando meus filhos
voltassem do final de semana eu
teria uma admirável história para contar …
Rosângela Maluf. Lido aqui



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