Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Meditações - o tempo que nos resta entre o tic e o tac

 O Relógio da Vida: Entre o Tic e o Tac, o que fazemos importa


Vivemos em uma era em que o tempo parece ser um recurso cada vez mais escasso. Os dias se

transformam em semanas, as semanas em meses, e de repente percebemos que já é Natal

novamente, os filhos estão crescendo rapidamente, as amizades se distanciaram e as

conversas longas e significativas tornaram-se raras. A sensação é de que estamos em um trem-

bala da vida, com pouco ou nenhum controle sobre a velocidade com que passamos pelas

estações.

 

Diante de um acontecimento triste e recente, fui forçada a enfrentar uma realidade dura e

desconfortável: a fragilidade da nossa existência. Isso me levou a questionar: “Se tudo acabar

amanhã, qual será o meu legado? Quais memórias deixo para aqueles que amo e para aqueles

que comigo conviveram?”

 

Fui em uma missa linda, onde pai e mãe partiram juntos precocemente, e seus filhos em meio

a tamanha tristeza fizeram uma linda e merecida homenagem a eles, com muitas histórias e

aprendizados, em meio a choros e risos contaram histórias e lindas lembranças. Quando vi

aquela missa, pensei, eles partiram cedo mas cumpriram lindamente seu papel, viveram

intensamente e deixaram um lindo legado de amor.

 

Esse casal não deixou só lições para seus filhos, deixou uma linda história para todos que de

perto ou mesmo de longe puderam acompanhar.

 

Acontecimentos como esse nos obrigam a olhar para dentro e reavaliar nossas prioridades.

Vivemos em uma sociedade que preza a eficiência e a produtividade, muitas vezes à custa da

nossa saúde mental e relacionamentos. No entanto, a vida não é medida em reuniões de

trabalho cumpridas ou na quantia de dinheiro acumulado. O verdadeiro valor da vida reside

nos momentos simples, mas significativos, que construímos ao longo desse caminho.

 

Quando se trata de legado, não são necessariamente as grandes conquistas que serão

lembradas, mas sim os pequenos atos, as palavras de incentivo e as experiências

compartilhadas. É o carinho com que tratamos nossos amigos e familiares, é o respeito e

cuidado que temos pelo próximo mesmo que não seja tão próximo, é a empatia que em algum

momento fez alguém se sentir melhor, o esforço para entender em vez de julgar, e a

disposição para estender a mão quando alguém está passando por alguma necessidade.

 

Então, como nós retomamos o controle do nosso relógio da vida? Começa com a decisão de

viver intencionalmente. Isso pode ser tão simples quanto decidir passar uma hora por semana

com alguém que você ama ou dedicar um tempo para fazer algo que te faz feliz. Falar o que

sente para as pessoas que ama, não deixar de elogiar quando tiver vontade, abraçar, sentir,

amar, comemorar as pequenas conquistas, agradecer e aproveitar mais. Se permitir viver as

pequenas coisas ou até mesmo as grandes. Viver com menos culpa. Outra estratégia é parar e

refletir antes de tomar decisões, grandes ou pequenas, perguntando a si mesmo: “Isso se

alinha com as minhas prioridades e valores? Isso me leva para mais perto do legado que quero

deixar?”

 

Nós não podemos parar o relógio. Mas podemos escolher como e com quem passamos o

tempo que nos resta entre o tic e o tac. E são essas escolhas que constroem esse legado não

apenas para nós mesmos, mas para aqueles que ficarão quando já tivermos partido.


Paloma Silveira Baumgart. Lido aqui

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