DAVID LYNCH.
À simples menção do nome, a primeira e a última coisa que se
me põe a invadir os sentidos todos é uma sucessão de sonoridades. O Som nos
filmes do DAVID LYNCH. Um tom de voz, o ruído de um objeto banal, um sopro de
música, um ambiente rural ou urbano, outro tom de outra voz, outro sopro de
música que não sabemos nem queremos saber de onde vem. Tanto faz a natureza dos
sons, as categorias em que costumamos dividi-los e classificá-los. No mundo do
DAVID LYNCH, as divisões e agrupamentos por camadas são radicalmente abolidas.
Um som é um som, dois sons são um terceiro som, muitos sons são o universo
inteiro naquele momento. E os momentos, como é sabido, não ficam parados,
existem em duração e evolução constante. Ou então o contrário: sabendo que todo
o som decore necessariamente no tempo, o DAVID LYNCH ensinou-me o paradoxo
final, que é PARAR o tempo, suspender o decurso inexorável do tempo,
servindo-se da matéria menos "parável" que temos ao nosso dispor: a
tal coisa que não decorre senão no tempo, o SOM.
Vasco Pimentel
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