Assim voa o meio dia;
E a sesta ardente em que a terra
Em braços de homem dormia...
Logo, a tarde, sobre o monte,
Tombava, de pouco a pouco;
Já vinha, dos pinheirais,
Um marulhar torvo e rouco.
Desce a luz, aos tropeções,
Cansados, incertos passos;
Lembrava a sombra, em moleza,
O espreguiçar dos seus braços...
O Outono, tarde dos anos;
A tarde, outono dos dias...
Silêncio. Mistério. Ao longe,
Batem as Avé-Marias.
- "Pão Nosso... Cheia de graça..." -
Ampla, a mão do Lavrador,
Na cruz que faz sobre o peito,
Abrange a terra em redor.
António Correia de Oliveira (1878-1960), poeta português
2 comentários:
Em Correia de Oliveira,
poeta da natureza,
arde em lírica fogueira
toda a alma portuguesa!
JCN
A espontâea poesia
de Correia de Oliveira
tem toda a categoria
de um poeta de craveira!
JCN
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