São os rios
Somos o tempo. Somos a famosa
parábola de Heraclito, O Obscuro.
Somos a água, não diamante duro,
a que se perde, não a que repousa.
Somos o rio e somos esse grego
a olhar-se no rio. A sua imagem
muda na água do espelho entre as margens,
no vidro que varia, fogo cego.
Somos o rio vão, predestinado
rumo ao seu mar. De sombra está cercado.
Tudo nos diz adeus, tudo nos deixa.
A memória não cunha moeda lesta.
E no entanto há algo que ainda resta
e no entanto há algo que se queixa.
Jorge Luis Borges (1899 –1986), poeta argentino
sábado, 5 de junho de 2010
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