domingo, 7 de fevereiro de 2016
Em Villeret e Biel, com os relógios Omega Globemaster e a sua nova certificação METAS
Estivemos por estes dias em Villeret, nas montanhas do Jura, cantão suíço de Berna, para tomar contacto com a mais recente unidade de produção da Omega, responsável pela nova linha de calibres que equipam os modelos Globemaster.
Esta unidade de produção é das mais modernas da indústria relojoeira helvética e está equipada com máquinas-ferramentas especialmente desenhadas pela Omega e pela ETA, empresas do Swatch Group (o maior do mundo em termos de relojoaria), para poder obedecer aos níveis de qualidade que os Globemaster atingem.
Segundo a filosofia da nova unidade, tudo o que pode ser feito melhor pelas máquinas, é realizado por elas, em linhas robotizadas que são o estado da arte. Mas tudo o que pode ser melhor feito através da intervenção humana é igualmente contemplado (como a regulação do balanço-espiral). Sempre num ambiente fechado, controlado, com pressão positiva (o ar purificado está sempre a entrar, saindo com as impurezas), e onde os trabalhadores vestem uniformes especiais, combatendo as poeiras.
Nas linhas de montagem são produzidos os calibres 8900 e 8901, com escape co-axial, que são depois enviados para o COSC (Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres, organismo oficial suíço de cronometria), para serem declarados "cronómetros". Mas estes novos calibres Omega passam depois por testes suplementares, para a obtenção de um certificado de qualidade inédito - Master Chronometer - emitido pela entidade independente METAS, o instituto suíço de metrologia.
Os organismos nacionais encarregues de fiscalizar medidas, sejam elas de que qualidade forem, e os instrumentos que as usam, também fiscalizam a unidade base de tempo - o segundo. Em Portugal, é o Instituto Português da Qualidade, instalado no Monte da Caparica, que é o depositário nacional e fiscalizador do metro, do quilo ou do segundo padrão.
Noutra unidade de produção da Omega, em Biel (Bienne), que também visitámos, os calibres produzidos em Villeret são montados nas caixas e submetidos a testes anti-magnéticos, de estanquicidade e de autonomia. Tudo segundo novos critérios estabelecidos pelo METAS, que dão direito à certificação "Master Chronometer", superior ao COSC. Cada relógio Globemaster, sendo cronómetro certificado COSC e tendo conseguido também o certificado de Master Chronometer, vem acompanhado de um cartão com chip. Através de uma aplicação, um smartphone ou outro dispositivo semelhante pode ler no cartão o comportamento que aquele relógio especificamente teve nos testes de qualidade a que foi submetido.
O METAS mantém na unidade de produção do Omega Globemaster, em Biel (Bienne) um laboratório independente, onde os seus funcionários testam, semanalmente, relógios saídos das linhas de produção vizinhas, para comprovar que tudo está a ser feito segundo os critérios de um Master Chronometer. Este certificado não é exclusivo da Omega - a entidade reguladora é o METAS e qualquer outra manufactura pode requerer que os seus relógios passem pelo critério estabelecido pela entidade metrológica Helvética. Sintomaticamente, os critérios Master Chonometer estão disponíveis no site do METAS e não da Omega. Veja, aqui, em francês, o documento oficial para os critérios de certificação.
Já aqui tínhamos falado do novo certificado, quando ele foi anunciado, em Genebra, em Dezembro de 2014. Na altura, a ideia parecia ser abandonar o certificado COSC, em favor do mais exigente do METAS. Mas, finalmente, a Omega achou por bem continuar a submeter os seus calibres Master Chronometer aos critérios de isocronismo COSC antes de, já com o calibre montado na caixa e o relógio estar completo, sofrer a bateria de oito testes METAS.
Desde logo, e durante quatro dias, os relógios são colocados em seis posições diferentes e a duas temperaturas ambiente (38 e 23 graus Celsius, respectivamente a calculada para um relógio no pulso e fora dele). Depois são expostos a um campo magnético de 15 mil gauss, sendo depois desmagnetizados e, finalmente, verificado o seu comportamento de novo nas mesmas posições e tenperaturas.
O magnetismo está hoje por todo o lado - nos fechos das malas, nos tablets, telemóveis, secadores de cabelo, scanners, etc. Os relógios, especialmente o seu orgão regulador - o balanço-espiral - sofrem com esses campos magnéticos, que alteram a marcha ou fazem mesmo parar os mecanismos. Até agora, a indústria resolveu o problema com uma segunda caixa, de ferro macio, onde o calibre está protegido. Mas isso provoca um aumento do diâmetro e da altura do relógio. A Omega seguiu um caminho completamente diferente - procurou e conseguiu fazer calibres amagnéticos, usando no orgão regulador materiais como o silício.
Nos critérios METAS entra também o teste de estanquecidade anunciado. Ou o de autonomia (entre 100 por cento e 30 por cento da corda). Enquanto no critério COSC os calibres não podem variar, diariamente entre menos 4 e mais 6 segundos, nos critérios METAS essa variação é ainda mais exigente - entre zero e mais cinco segundos diários.
Com a tecnologia do escape co-axial, usada a partir de 1999, a Omega começou com um modelo de uma linha, generalizando depois a inovação. Com a certificação METAS, diz-nos o Presidente Stephen Urquhart, com quem almoçámos, em Biel, a intenção é generalizar até 2020 essa certificação a todos os calibres co-axiais da marca, com as excepções dos calibres 2500 (que será descontinuado), calibre 3300 e calibre 1861 de carga manual (o que equipa o Speedmaster Professional Moonwatch).
Para já, os calibres automáticos 8900 e 8901, da geração Master Chronometer, irão equipar a nova linha Globemaster, inspirada em peças dos anos 1950, como o Constellation - com o mostrador pie-pan (elevado no centro e facetado) ou a luneta canelada.
Com caixa de 39 mm e data às 6 horas, o Globemaster surge em várias versões, incluindo uma limitada, de platina, mas também de aço (coim luneta de carboreto de tungesténio), ouro amarelo ou ouro Sedna™.
No verso, um emblema central com a silhueta de um observatório astronómico, evocando os vários prémios de cronometria conquistados pela Omega. Além de oito estrelas, lembrando os oito testes do controlo de qualidade METAS. Este emblema está inserido num vidro de safira, pode onde se pode ver o calibre e a massa oscilante decorada.
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